IBGE inclui perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero em pesquisa nacional sobre demografia e saúde. Resultados serão divulgados em 2024.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início nesta semana à coleta de informações para a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2023. Serão visitados cerca de 133 mil domicílios em mais de 2,5 mil municípios em todo o país. O diferencial dessa edição da pesquisa é que pela primeira vez o instituto irá perguntar aos brasileiros sobre sua orientação sexual e identidade de gênero. Os resultados estão previstos para serem divulgados no último trimestre de 2024.

Esta pesquisa é realizada em parceria com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde. Ela reúne informações sobre a avaliação do estado de saúde e satisfação com o atendimento no serviço de saúde, situações da vida familiar como uniões, planejamento reprodutivo, filhos, realização de pré-natal, conhecimento e uso de métodos contraceptivos, saúde e nutrição de crianças de até cinco anos e questões da vida individual de homens e mulheres.

O destaque dessa edição da PNDS é a inclusão da pergunta sobre orientação sexual e identidade de gênero. Os entrevistados poderão responder com qual gênero se identificam, sendo oferecidas opções como mulher, mulher trans, homem, homem trans, travesti ou não binário. Haverá também um campo “outro”, para que seja possível especificar um gênero que não esteja entre as opções. Os entrevistados também terão a opção de não responder à pergunta.

Além disso, a coleta de informações sobre orientação sexual foi aprimorada em relação à pesquisa realizada em 2019, no âmbito da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Naquela ocasião, os entrevistados puderam se identificar como heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Agora, serão dadas as opções: lésbica, gay, heterossexual, bissexual, outro, não sabe ou não quis responder.

A divulgação dos resultados da pesquisa de 2019 mostrou que 94,8% da população adulta se identificou como heterossexual, enquanto 1,2% se identificou como homossexual e 0,7% como bissexual.

Em relação à inclusão da pergunta sobre orientação sexual e identidade de gênero, a diretora-adjunta da Diretoria de Pesquisas do IBGE, Maria Lucia Vieira, explicou que a divulgação dos resultados demorou porque foram notados indícios de que os números estavam subestimados em relação à autoidentificação como homossexual ou bissexual. Por isso, foi criado um grupo de discussão para aprimorar essa questão e garantir dados mais consistentes.

A inclusão dessas perguntas na PNDS é de extrema importância, pois permitirá um mapeamento mais preciso dessa população e auxiliará na elaboração de políticas públicas adequadas. A coleta dessas informações não apenas fornecerá dados estatísticos, mas também promoverá uma reflexão sobre a identidade das pessoas e dará mais visibilidade para a diversidade.

Além das perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero, a pesquisa também coletará informações sobre o estado de saúde físico e mental dos entrevistados, a procura por atendimento em unidades de saúde, a avaliação desse atendimento, questões relacionadas ao pré-natal e parto, saúde de crianças até 5 anos e outras informações relevantes.

Essa é a quarta edição da PNDS no país, mas é a primeira vez que o levantamento é realizado pelo IBGE. Para garantir a qualidade dos dados coletados, os entrevistadores estarão portando crachá de identificação e dispositivo de coleta. É possível confirmar a identidade do agente do IBGE através do site Respondendo ao IBGE ou pelo telefone 0800 721 8181.

A PNDS 2023 será de extrema importância para o conhecimento da realidade demográfica e de saúde no Brasil, além de contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes e inclusivas. A coleta de informações sobre orientação sexual e identidade de gênero representa um avanço na busca pela igualdade e respeito às diferenças.

Sair da versão mobile