Este fenômeno não é isolado. O IBGE informou que, além do Mutange, outros 101 bairros em diversas cidades do Brasil também ficaram de fora da listagem oficial, mas não por serem considerados extintos. A metodologia aplicada para a coleta de dados foi a mesma que se utilizou em todo o país, conforme ressaltou o IBGE. Durante a operação censitária, os recenseadores foram designados para percorrer todas as quadras do bairro, mas ao final, confirmaram que não havia população residente.
O instituto também fez questão de ressaltar que, apesar da ausência de insumos populacionais, o Mutange continua formalmente classificado como um bairro, seguindo a Lei Municipal nº 4.687 de 1998, que estabelece sua delimitação. Essa situação é emblemática, uma vez que a degradação do bairro está ligada a problemas estruturais causados pela atividade de mineração da Braskem, que resultou em rachaduras e deslocamentos populacionais.
Os outros bairros afetados pela mesma situação estão listados nas estatísticas, uma vez que ainda contavam com habitantes no momento do levantamento. O IBGE esclareceu que a malha censitária não necessariamente coincide com as áreas de risco definidas por órgãos responsáveis, o que poderia explicar a presença de moradores em localidades que, posteriormente, foram evacuadas.
Deste modo, a situação do Mutange não apenas aponta para a complexidade de se realizar censos em áreas afetadas por desastres, mas também evidencia a necessidade de se continuar a monitorar e registrar as condições de todos os bairros, independentemente de sua habitação atual. Essa dinâmica ainda levanta importantes questões sobre o futuro do bairro e de seus moradores.