Essas placas, que trazem os nomes das vítimas da ditadura, foram vandalizadas em frente a três escolas na cidade de Buenos Aires. Na Escola de Comércio Carlos Pellegrini, no bairro da Recoleta, estudantes organizaram um ato de repúdio ao vandalismo e dedicaram-se a limpar as placas, que listam os professores e alunos da instituição que foram assassinados pela ditadura.
A reitora do colégio, Ana Barral, se manifestou sobre o ocorrido, enfatizando que se trata de um ato de violência simbólica que expressa ódio e nega a convivência democrática e o respeito pelos direitos humanos. Segundo ela, as placas são uma memória das vítimas de um Estado terrorista e uma forma de enaltecer a luta pela democracia que o país trava há 40 anos.
As placas vandalizadas fazem parte de uma iniciativa da organização argentina “Bairros pela Memória e Justiça”, que desde 2005 instala essas homenagens nas calçadas de Buenos Aires. O objetivo é lembrar e honrar as vítimas da ditadura, que, segundo organizações de direitos humanos, contabilizam cerca de 30 mil mortos e desaparecidos. Essas placas são colocadas em frente a locais em que as pessoas estudavam, trabalhavam, residiam ou foram sequestradas pelos agentes da repressão.
Uma das participantes do ato de limpeza foi a fotógrafa Silvana Colombo, de 55 anos, que descobriu a vandalização através de grupos de WhatsApp. O nome de seu irmão Sergio estava entre os que foram pichados. Sergio foi sequestrado pela ditadura aos 19 anos de idade. Ele era estudante do Pellegrini e ativista estudantil, além de estar cursando medicina na época do seu desaparecimento. Silvana tinha apenas 9 anos quando seu irmão foi levado.
Esse ataque às placas em homenagem às vítimas da ditadura ressalta a importância da memória e do respeito aos direitos humanos em um momento político crucial para a Argentina. A vandalização é um ato de intolerância que busca negar a existência e as atrocidades cometidas durante esse período sombrio da história do país. Resta agora esperar por uma resposta adequada das autoridades para punir os responsáveis por essa ação de desrespeito e violência simbólica.