A jornada de Beijamin começou com a surpresa evidente da paternidade, mas logo se transformou em uma experiência de confrontos com a realidade da saúde. Ele se viu diante de barreiras estruturais, fruto de um sistema que continua a ignorar e marginalizar as experiências daqueles fora do espectro cisgênero. Apesar de ter um plano de saúde, Beijamin enfrentou atendentes que, ao saber de sua condição, demonstraram profundo desconforto e falta de compreensão, tratando-o como uma anomalia em um processo que deveria ser natural e acolhedor.
Em suas palavras, Beijamin expõe a frustração quando percebeu que o sistema de registro de sua gestação não contemplava sua identidade. “Foi como se tudo estivesse desenhado para excluir qualquer pessoa que não fosse uma mulher cis”, disse. O próprio formulário do plano de saúde, que não permitia que ele se identificasse como “homem” nas opções relacionadas à gravidez, é uma evidência clara das lacunas existentes.
Esse cenário levanta questões urgentes sobre a necessidade de uma reforma nos serviços de saúde, que urgentemente deve incluir formação para profissionais e um entendimento mais amplo sobre as diversas formas que a reprodução pode assumir na sociedade contemporânea. Beijamin Aragão, com sua história, busca não apenas o reconhecimento de sua paternidade, mas também um espaço mais inclusivo para homens trans e outras identidades de gênero. Ele se torna, assim, um defensor da mudança necessária em um sistema que ainda parece não estar pronto para acolher a pluralidade das experiências humanas.
