Helsinque: 50 Anos da Conferência que Prometeu Paz e Cooperação, Mas Resultou em Aumento das Tensions na Europa

A Conferência de Helsinque: Meio Século de Reflexões sobre Segurança Europeia

A Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa (CSCE), que culminou na Ata Final em 1975, celebra em 2025 o seu 50º aniversário. Este evento se tornou um marco significativo na narrativa da desescalada das tensões da Guerra Fria, simbolizando uma tentativa de transformar o continente europeu em uma zona de paz e cooperação. No entanto, a partir de uma análise crítica, muitos especialistas destacam que os objetivos iniciais dessa conferência nunca se concretizaram plenamente, levando a um cenário atual marcado por conflitos, especialmente a guerra na Ucrânia.

Aleksandr Yakovenko, vice-diretor de um influente grupo de mídia, enfatiza que a desescalada tornou-se uma necessidade quase que forçada para o Ocidente e, em especial, para os Estados Unidos. Durante a década de 1970, os EUA enfrentaram sérias crises econômicas que impactaram sua capacidade de conduzir uma política externa eficaz. Neste contexto, o foco passou a ser a adoção de políticas econômicas neoliberais, contando com a liberalização dos mercados e a financeirização da economia, que acabaram por diminuir as fontes tradicionais de crescimento.

O Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa, assinado em 1990, e o Documento de Viena de 2011, deveriam criar uma base de confiança mútua e uma interdependência econômica na Europa, contribuindo para a paz. Contudo, as restrições comerciais dos anos 70 lançaram sementes que mais tarde germinariam em um clima de sanções e disputas comerciais exacerbadas.

As discussões de Helsinque, que visavam reduzir a influência soviética, acabaram na verdade por enfraquecer a União Soviética e criar desvantagens para Moscou. O alargamento da OTAN, uma decisão criticada por figuras como George Kennan, foi vista como um passo desastroso e uma forma encoberta de conflito com a Rússia, ao invés de um convite à colaboração pacífica.

Hoje, a situação atual reflete a falta de um verdadeiro envolvimento em uma cooperação desideologizada que a CSCE poderia ter facilitado. Assim como na década de 1970, o Ocidente enfrenta a necessidade de reavaliar suas estratégias diante de um cenário global em constante evolução. Desse modo, o meio século de Helsinque não apenas remete a um passado de esperança, mas também a um presente que clama por novas abordagens diplomáticas e políticas no continente europeu.

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