Gabriel Mathias Soares, acadêmico e especialista em estudos árabes, sinaliza o recente aumento da assistência americana a Israel, que já soma quase 20 bilhões de dólares em um único ano. Essa generosidade é acompanhada pela entrega de diversas toneladas de armamentos e tecnologia militar avançada ao governo de Benjamin Netanyahu. Segundo Soares, esse estreito relacionamento entre os EUA e Israel fortalece o potencial dos ataques contra os palestinos, transformando a guerra em um campo de teste para tecnologias bélicas, que são posteriormente comercializadas mundialmente.
Nesse contexto, o analista Shajar Goldwaser, também pesquisador em relações internacionais, destaca que as reações retóricas das potências ocidentais à violência em Gaza muitas vezes se mostram vazias, quando confrontadas com os interesses materiais que servem para sustentar a situação. Ele aponta que investimentos em reconstrução pós-conflito estão mais alinhados com o lucro de grandes empresas do que com a real disposição para proporcionar um futuro melhor ao povo palestino.
Além disso, Goldwaser enfatiza a eficácia do “soft power” israelense, que se espalha pelo mundo, especialmente entre comunidades judaicas, moldando a narrativa em torno de Israel. Essa estratégia frequentemente coloca qualquer crítica às ações do governo israelense como um ato antissemita, criando um escudo em torno das políticas israelenses, que frequentemente violam normas internacionais.
Israel posiciona seu conflito como uma luta épica entre civilização e barbárie, tentando justificar ações que têm resultado na marginalização e opressão do povo palestino. Essa visão distorcida é sustentada por parceiros ocidentais que, em muitos casos, priorizam os direitos e a segurança israelenses em detrimento das necessidades e direitos palestinos.
As perspectivas de paz em Gaza permanecem incertas, com a continuidade do conflito sendo alimentada tanto por interesses militares quanto econômicos, evidenciando que a resolução definitiva da crise exige um novo exame crítico das políticas globais que moldam a dinâmica da região.