De acordo com Yanna Fernanda, secretária-executiva do IHP e engenheira florestal, as câmeras equipadas com IA conseguem detectar os focos de incêndio e fornecer a localização geográfica exata em um intervalo de apenas três a cinco minutos. Essa eficiência é notável, considerando que os métodos tradicionais de monitoramento via satélite podem levar de quatro a seis horas para oferecer dados semelhantes. Atualmente, cinco torres equipadas com esta tecnologia estão instaladas na Serra do Amolar, e recentemente, uma delas foi relocada para um ponto mais elevado, aumentando significativamente o raio de cobertura.
O projeto recebe apoio de várias instituições, incluindo umgrauemeio, Abrace o Pantanal e Onçafari, e utiliza a Internet via Starlink para facilitar a comunicação entre brigadas e comunidades locais, o que é vital para monitorar áreas remotas que são acessíveis apenas por barco ou avião.
Entretanto, mesmo com esses avanços tecnológicos, o Pantanal ainda enfrenta graves problemas ambientais. As mudanças climáticas, combinadas com as atividades humanas, têm provocado grandes incêndios, como o que ocorreu em 2020, que devastou 27% do bioma. Em 2024, embora a área queimada tenha sido reduzida para cerca de 17%, ainda resultou em dois milhões de hectares consumidos pelas chamas. Isso leva a preocupações severas sobre a perda de biodiversidade, especialmente entre espécies de fauna que não conseguem escapar rapidamente do fogo. Além disso, áreas de restauração com 25 mil mudas plantadas foram danificadas.
A situação é agravada por fatores como o nível crítico do rio Paraguai, que chegou a -69 cm em 2023 devido à falta de chuvas, impactando o turismo local e dificultando atividades simples como a navegação. Brigadas de combate a incêndios tiveram que realizar esforços extremos, como puxar barcos manualmente.
Em resposta a esses desafios, o IHP está desenvolvendo projetos voltados para a recuperação e proteção de nascentes nos afluentes dos rios da região, ações consideradas essenciais para manter o fluxo hídrico e minimizar passivos ambientais. A importância de estratégias financeiras globais, como o mercado de créditos de carbono, também foi destacada por Yanna, que ressaltou a necessidade de apoio internacional para a preservação do Pantanal, um bioma único e vulnerável que precisa de cuidado e proteção.