Guardiã do Pantanal: Inteligência Artificial Revolutioniza o Combate a Incêndios no Bioma Brasileiro

O Pantanal, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, está enfrentando um momento crítico devido aos incêndios florestais. Para lidar com esse desafio, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) implementou uma tecnologia inovadora que utiliza inteligência artificial (IA) para monitorar e combater os focos de incêndio de forma mais ágil e eficaz. Este programa de monitoramento abrange aproximadamente 1,3 milhão de hectares, englobando áreas tanto no Brasil quanto na Bolívia, possibilitando uma resposta rápida a emergências, especialmente em locais de difícil acesso.

De acordo com Yanna Fernanda, secretária-executiva do IHP e engenheira florestal, as câmeras equipadas com IA conseguem detectar os focos de incêndio e fornecer a localização geográfica exata em um intervalo de apenas três a cinco minutos. Essa eficiência é notável, considerando que os métodos tradicionais de monitoramento via satélite podem levar de quatro a seis horas para oferecer dados semelhantes. Atualmente, cinco torres equipadas com esta tecnologia estão instaladas na Serra do Amolar, e recentemente, uma delas foi relocada para um ponto mais elevado, aumentando significativamente o raio de cobertura.

O projeto recebe apoio de várias instituições, incluindo umgrauemeio, Abrace o Pantanal e Onçafari, e utiliza a Internet via Starlink para facilitar a comunicação entre brigadas e comunidades locais, o que é vital para monitorar áreas remotas que são acessíveis apenas por barco ou avião.

Entretanto, mesmo com esses avanços tecnológicos, o Pantanal ainda enfrenta graves problemas ambientais. As mudanças climáticas, combinadas com as atividades humanas, têm provocado grandes incêndios, como o que ocorreu em 2020, que devastou 27% do bioma. Em 2024, embora a área queimada tenha sido reduzida para cerca de 17%, ainda resultou em dois milhões de hectares consumidos pelas chamas. Isso leva a preocupações severas sobre a perda de biodiversidade, especialmente entre espécies de fauna que não conseguem escapar rapidamente do fogo. Além disso, áreas de restauração com 25 mil mudas plantadas foram danificadas.

A situação é agravada por fatores como o nível crítico do rio Paraguai, que chegou a -69 cm em 2023 devido à falta de chuvas, impactando o turismo local e dificultando atividades simples como a navegação. Brigadas de combate a incêndios tiveram que realizar esforços extremos, como puxar barcos manualmente.

Em resposta a esses desafios, o IHP está desenvolvendo projetos voltados para a recuperação e proteção de nascentes nos afluentes dos rios da região, ações consideradas essenciais para manter o fluxo hídrico e minimizar passivos ambientais. A importância de estratégias financeiras globais, como o mercado de créditos de carbono, também foi destacada por Yanna, que ressaltou a necessidade de apoio internacional para a preservação do Pantanal, um bioma único e vulnerável que precisa de cuidado e proteção.

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