A greve geral teve duração de 24 horas e impactou significativamente os serviços de transporte, incluindo táxis, trens e balsas, além de interrupções nos horários de operação do metrô e ônibus. O setor educacional e os serviços de saúde também foram afetados, com professores e profissionais da área optando por cruzar os braços. “Não somos máquinas” e “Não somos robôs” foram alguns dos gritos de ordem que ecoaram nas ruas, simbolizando a resistência dos trabalhadores à proposta governamental.
O governo conservador argumenta que as novas regras de trabalho poderiam proporcionar aos trabalhadores a oportunidade de aumentar seus rendimentos. A reforma sugere a possibilidade de jornadas de até 13 horas, justificando que tal extensão seria voluntária e poderia resultar em remuneração adicional. No entanto, essa lógica não convence muitos trabalhadores, que temem que essa opção se torne uma obrigação disfarçada, especialmente em um cenário econômico ainda fragilizado após uma década de crise.
Atualmente, a legislação grega estipula uma jornada de trabalho de oito horas, com até três horas extras permitidas. A proposta ainda não foi apreciada pelo Parlamento. Segundo dados da Eurostat, a média da carga horária semanal na Grécia é de 39,8 horas, superando a média de 35,8 horas do restante da União Europeia.
Manifestantes como Manos Milonas, um trabalhador do aeroporto de Atenas, destacam as dificuldades de tal carga horária. Ele menciona que, além de um dia de trabalho de 13 horas, haveria ainda o tempo de deslocamento de 3 horas, totalizando 16 horas de atividades diárias, questionando: “Como querem que vivamos nessas condições?”
Electra, funcionária temporária de um hotel de luxo, reforça as preocupações em relação à proposta, considerando-a uma forma de coerção. Para ela, a alegação de que a jornada será baseada em acordo mútuo é ilusória, pois a prática real seria a pressão para aceitar longas horas de trabalho, sob a ameaça de não ser recontratada.
Os protestos em massa e as vozes de descontentamento nas ruas da Grécia ressaltam a luta contínua dos trabalhadores por condições dignas em um contexto de reformas que ameaçam precarizar ainda mais suas vidas.