Na decisão, o juiz Alejandro Maraniello enfatizou que a questão se configura como uma grave violação da privacidade institucional, afastando o debate sobre liberdade de expressão. A liminar ordenou a interrupção imediata da veiculação dos áudios por qualquer meio, seja impresso, audiovisual, ou através das diversas plataformas digitais. Essa decisão é reflexo de uma atmosfera política extremamente tensa, onde a oposição busca deslegitimar o governo através de ataques diretos ao seu núcleo familiar e aos altos escalões da administração.
Os primeiros áudios que levantaram polêmicas foram divulgados em 20 de agosto. Nele, Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), faz graves acusações contra Karina Milei, que ocupa o cargo de secretária-geral da Presidência e é considerada uma das principais aliadas do presidente. Em um dos registros, Spagnuolo alega que Karina teria recebido propinas de indústrias farmacêuticas ligadas a contratos de fornecimento de medicamentos para a rede pública. Ele também menciona o subsecretário Eduardo “Lule” Menem como coautor do esquema.
Em um trecho das gravações, Spagnuolo afirma: “Karina leva 3%”, o que agrava ainda mais as acusações. O ex-funcionário, que também era advogado de Milei, alega ter informado o presidente sobre as irregularidades antes de ser afastado de seu cargo. A situação se deteriorou com novos vazamentos que surgiram nos dias subsequentes, ampliando as suspeitas e revelando um cenário de incerteza política no país. As repercussões desse caso prometem amplificar o debate sobre a governança e a corrupção na Argentina em um período eleitoral crítico.