Durante um mês, a tensão NO Congresso se intensificou. A oposição utilizou estratégias de obstrução que culminaram na aprovação da urgência para o projeto de anistia referente aos acontecimentos de 8 de janeiro, obrigando o governo a solicitar a intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) para lidar com a situação. Em meio a essa crise, a aprovação do Dia da Amizade Brasil-Israel se tornou mais um episódio que evidenciou a ineficácia da comunicação entre o Planalto e o Legislativo, uma vez que o Senado teve de promulgar a medida após o presidente Lula não cumpriu os prazos estabelecidos.
A criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS também foi um golpe para a administração petista, que não conseguiu evitar o avanço dessa iniciativa. A situação se agrava com a eliminação de onze vetos de Lula em uma sessão conjunta, trazendo a derrota recente do governo a um novo patamar: a rejeição do aumento do IOF por uma expressiva maioria de 383 votos a favor e 98 contra.
A tensão entre Fernando Haddad e o presidente da Câmara, Hugo Motta, aumentou no contexto das jovens derrotas. Motta acusa o ministro de tentativas de transferir a responsabilidade do desgaste político para os parlamentares, e críticos do governo observam que o clima entre Haddad e os deputados é semelhante ao que existiu entre seus antecessores. A busca de Haddad por uma solução judicial para a crise do IOF é vista como um desrespeito às prerrogativas do Congresso.
Com a fragilidade da base governista e o descontentamento reinante, as perspectivas para novas votações se mostram sombrias. A Câmara já se prepara para elaborar novas barreiras à proposta de taxação das Letra de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs). A insatisfação do governo se torna evidente quando Haddad expressa sua decepção por não ter sido informado sobre a votação decisiva que resultou na derrota da proposta do IOF, uma situação agravada pelo fato de que, na semana anterior, ele estava em férias e Lula se encontrava na Europa.
À medida que a relação entre o Executivo e o Legislativo se deteriora, a situação se torna ainda mais complexa, com o Tesouro Nacional alocando bilhões em emendas parlamentares, enquanto figuras do governo indicam uma batalha interna para recuperar o controle sobre a liberação desses recursos. O cenário atual levanta questões sobre até onde essas tensões políticas poderão impactar a capacidade de governança do atual governo, enquanto a atividade legislativa segue marcada por um clima de desconfiança e conflito.