Governo de SP Privatiza Sabesp com Ações Vendidas a Investidores por R$ 67, Acima do Preço Mínimo Fixado

Em uma movimentação significativa para o setor de saneamento e o mercado financeiro, o governo do Estado de São Paulo estabeleceu um preço mínimo de R$ 63,56 para cada ação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no processo de sua privatização. A decisão foi tomada em uma reunião extraordinária realizada na tarde de 20 de junho, antes da oferta pública ser lançada no mercado. No entanto, o preço só foi divulgado oficialmente na quarta-feira, 24, após a conclusão da operação que marcou a privatização da Sabesp.

O processo de privatização continha uma ressalva crucial: a continuidade da oferta pública dependia de um investidor de referência apresentar uma proposta acima do valor estipulado de R$ 63,56. Na ocasião, a Equatorial Energia, o único investidor a fazer uma proposta formal para adquirir 15% da Sabesp, ofereceu R$ 67 por ação. Na época, essa proposta gerou críticas de partidos de esquerda, pois as ações da Sabesp estavam cotadas a cerca de R$ 74 na B3, a bolsa de valores brasileira.

Além do preço mínimo, o governo de São Paulo impôs outras condições rigorosas para a conclusão da oferta. Era necessário que pelo menos 20 investidores institucionais participassem da oferta global, objetivo amplamente superado, já que aproximadamente 310 investidores apresentaram ofertas. Outra condição fundamental era a cobertura mínima de 1,33 vezes no livro de ofertas, mas a demanda também ultrapassou essa exigência em larga escala, atingindo mais de 12 vezes o esperado, com um total de R$ 187 bilhões.

Durante a cerimônia de encerramento do processo de privatização, realizada nesta terça-feira, 23, na B3, o governador Tarcísio de Freitas defendeu o valor acertado com a Equatorial. Ele argumentou que o preço estava significativamente superior ao período inicial do processo de privatização, que começou há 18 meses. Em 2022, as ações da Sabesp estavam cotadas entre R$ 33 e R$ 46, só apresentando uma escalada substancial após as eleições daquele ano e a crescente expectativa em torno da privatização, chegando a R$ 51.

Com um tom assertivo, o governador comentou: “Essa narrativa da esquerda não nos preocupa. Do ponto de vista financeiro, valeu muito a pena para o estado.” A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo, Natália Resende, também participou da cerimônia e reforçou a posição do governo: “Atingimos nosso objetivo e o alcance financeiro foi maior do que o esperado.”

Finalmente, a ata da reunião do dia 20 de junho, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, destacou que a fixação do preço mínimo, a cobertura mínima e o número de intenções de investimento deveriam permanecer confidenciais até a liquidação da oferta pública. “A não divulgação do preço mínimo também busca resguardar os interesses do Estado na medida em que evita que os investidores balizem suas ofertas convergindo para o preço mínimo”, explicava a ata.

Esse processo de privatização da Sabesp marca um importante capítulo na história do saneamento e na economia do estado, além de estreitar o relacionamento entre o setor público e a iniciativa privada.

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