A audiência, que tem início às 10h, será realizada na comissão especial encarregada de analisar a proposta, que tem como relator o deputado Mendonça Filho (União-PE). O foco do debate será nas competências federativas, com os parlamentares buscando compreender a perspectiva dos estados sobre o papel do governo federal na formulação de políticas de segurança. Este assunto assume especial importância diante das demandas dos governadores por maior autonomia e recursos financeiros. Não é a primeira vez que esses líderes se reúnem para discutir a questão; na semana passada, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também esteve presente em uma audiência semelhante.
A participação dos governadores é um reflexo das divergências em relação ao texto proposto pelo governo Lula, elaborado sob a supervisão do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Os estados manifestaram preocupações de que a minuta original atribuísse um poder excessivo ao governo federal, limitando a autonomia das forças policiais estaduais e introduzindo mecanismos de coordenação federal que poderiam interferir nas operações diárias das corporações. Esse movimento de resistência é acompanhado por críticas e articulações estratégicas, sinalizando um clima de tensão entre os governadores e o Palácio do Planalto.
Nos bastidores, aliados dos governadores veem na audiência uma oportunidade para promover suas agendas políticas. Com Jair Bolsonaro cumprindo pena em regime fechado e a direita à procura de novas lideranças, a segurança pública se torna um eixo essencial para a reorganização das candidaturas conservadoras.
Tarcísio de Freitas se desloca a Brasília enquanto tenta avançar em articulações sobre a anistia, mesmo que seu cronograma não inclua compromissos adicionais no momento. Ronaldo Caiado, que já anunciou sua pré-candidatura, deve intensificar seus esforços em defesa dos estados contra o crime organizado. Eduardo Leite, por sua vez, busca compartilhar a experiência de recuperação do Rio Grande do Sul após as enchentes, enfatizando a segurança como um componente vital para a retomada econômica e social da região.
A audiência ocorre em um contexto de expectativa política, com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), considerando esta semana como decisiva. Motta já manifestou sua intenção de colocar a PEC em votação na comissão especial até a próxima quinta-feira. A movimentação dos governadores e a discussões em torno da segurança pública prometem impactar significativamente o clima político nos próximos meses.









