Gilmar Mendes Restringe Poder de Impeachment e Protege Independência do STF em Decisão Histórica

Na quarta-feira (3), o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu uma decisão liminar que altera substancialmente os procedimentos relacionados ao impeachment de ministros da Corte. A determinação restringe à Procuradoria-Geral da República a prerrogativa de apresentar pedidos de impeachment, resultando na suspensão de um dispositivo da Lei de 1950 que permitia que qualquer cidadão protocolasse tais denúncias.

Essa mudança não apenas redefine quem pode iniciar um processo de impeachment, mas também modifica o quórum necessário para que o Senado aceite a abertura de uma investigação. Agora, será necessário o voto de dois terços dos senadores, ao contrário da maioria simples que era exigida anteriormente. Mendes criticou a regra vigente, a qual descreveu como “esdrúxula” e incompatível com a Constituição, argumentando que a possibilidade de um pequeno número de votos resultar na admissibilidade de denúncias seria prejudicial.

Além disso, o ministro também determinou que decisões judiciais proferidas por membros do STF não podem ser utilizadas como argumento para alegações de crime de responsabilidade. Ele ressaltou que o uso “abusivo” do impeachment poderia inteirar-se como uma forma de intimidação aos magistrados, comprometendo assim a independência do Judiciário.

Gilmar Mendes enfatizou que a possibilidade de as decisões serem contestadas por meio de denúncias políticas geraria uma pressão inadequada sobre os juízes. Essa situação poderia forçar os ministros a adotarem posturas que atendam interesses momentâneos, em vez de se manterem fiéis à legislação e à proteção dos direitos fundamentais.

Com essa decisão, o ministro busca não apenas resguardar a autonomia do Judiciário, mas também proteger a integridade do sistema legal como um todo. O tema será analisado pelo plenário do STF em um julgamento virtual que ocorrerá entre os dias 12 e 19 de dezembro, marcando mais um capítulo importante nas discussões sobre os limites e as responsabilidades dos membros da Corte.

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