Gilberto Gil, renomado cantor e compositor brasileiro, tomou uma medida enérgica ao notificar extrajudicialmente a Diocese de Campina Grande e o padre Danilo César, da Paróquia de Areial, por declarações consideradas extremamente ofensivas a respeito da morte de Preta Gil. O incidente, que ocorreu durante uma homilia, provocou forte repercussão nas redes sociais e gerou indignação em entidades religiosas, levando à abertura de um inquérito policial em razão de intolerância religiosa.

No último dia 14, a equipe de Gilberto confirmou a notificação, que exige uma retratação formal e pública por parte do sacerdote, a ser feita através do canal da paróquia onde a missa foi transmitida. Gil enfatizou que, após mais de duas semanas desde as declarações ofensivas, não houve qualquer manifestação por parte da paróquia ou do padre, o que, segundo ele, demonstra falta de consideração para com o luto enfrentado pela família. Além da retratação, o cantor pediu que sejam adotadas medidas disciplinares contra o padre dentro de um prazo de dez dias úteis.

A Diocese de Campina Grande afirmou que o padre Danilo César prestará os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes, mas não conseguiu contato com ele para comentar a notificação. Durante a homilia, o sacerdote fez uma série de comentários desrespeitosos, insinuando que a fé de Preta e sua ligação com religiões de matriz africana estariam ligadas ao seu falecimento e utilizando expressões que não só depreciavam crenças afro-brasileiras como também foram vistas como provocativas e desrespeitosas.

As declarações do padre Danilo não apenas feriram a memória de Preta Gil, mas também levantaram questões sérias sobre liberdade religiosa no Brasil, que é um país com uma rica diversidade cultural e religiosa. O caso se tornou emblemático, atraindo a atenção de diversas associações culturais e religiosas que condenaram as falas do padre. A Polícia Civil, por sua vez, está ouvindo testemunhas e o inquérito já registrou múltiplos boletins de ocorrência sobre o episódio.

A situação acendeu um debate sobre a importância do respeito às diferentes manifestações religiosas no país, e a necessidade de responsabilização em casos de discursos de ódio, especialmente quando proferidos em um contexto religioso. O desrespeito à memória de figuras públicas, aliada à intolerância religiosa, é um tema que demanda atenção e ação efetiva das autoridades competentes. A sociedade aguarda desdobramentos com a expectativa de que medidas concretas sejam tomadas para combater esse tipo de intolerância.