General acusado pelo assassinato de Rubens Paiva recebe salário de R$ 35 mil e tenta se desvencilhar do crime alegando férias.



Em meados de janeiro de 1971, o general José Antônio Nogueira Belham decidiu tirar férias para descansar após seu período à frente do DOI-Codi do 1º Exército, sediado no Rio de Janeiro. No entanto, em 2013, durante as investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), o general tentou se desvencilhar das acusações de envolvimento no assassinato do ex-deputado Rubens Paiva, alegando que estava de férias no dia do crime.

Segundo o oficial, ele não estava em seu destacamento no dia 21 de janeiro de 1971, data em que Rubens Paiva foi morto, e afirmou não ter participado dos crimes cometidos no local. No entanto, documentos e testemunhas desmentiram a versão do general, revelando que ele fez deslocamentos sigilosos no dia em que o político foi preso.

A folha de alterações funcionais de José Antônio Nogueira Belham, obtida pela CNV, mostrou que o militar realizou deslocamentos sigilosos com saque de diárias em diversos dias do mês de janeiro de 1971. Esses deslocamentos coincidem com a data da prisão de Rubens Paiva.

Além disso, testemunhas oculares e outros militares também apontaram o envolvimento do general no caso. Um dos militares, identificado como “Agente Y”, relatou que informou pessoalmente o fato ao então Major Belham na data do ocorrido. O relatório final da CNV concluiu que Rubens Paiva foi morto sob a guarda do Estado brasileiro, em meio a sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, sendo Belham apontado como um dos autores do assassinato.

O Ministério Público Federal denunciou José Antônio Nogueira Belham e outros quatro militares pelo crime em 2014. No entanto, o processo aguarda uma análise sobre a aplicação da Lei da Anistia para avançar. Enquanto isso, o general continua recebendo uma remuneração mensal de R$ 35.991,46 e ostenta a patente de marechal, honraria destinada apenas a oficiais com atuação excepcional durante períodos de guerras.

Diante das acusações, a reportagem buscou contato com a defesa de José Antônio Nogueira Belham para obter esclarecimentos, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.

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