G20 em Rio de Janeiro: Especialistas alertam sobre esvaziamento e vulnerabilidade do grupo em meio a tensões globais e mudanças geopolíticas significativas.

A 19ª cúpula do G20, que reúne as principais economias do mundo, terá seu início no próximo dia 18 de novembro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ao todo, são esperadas 55 delegações de 40 nações, além de representantes de 15 organismos internacionais e diversas lideranças, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o da China, Xi Jinping.

Sob a organização do Brasil, a cúpula visa abordar importantes questões sociais e ambientais, incluindo o combate à fome, desigualdade e pobreza, através da criação da Aliança Global contra a Fome, bem como a necessidade urgente de enfrentar as mudanças climáticas por meio de políticas de sustentabilidade e uma transição energética justa. Uma nova governança global, que permita maior representatividade para países emergentes em instituições como a ONU, também será um tema central das discussões.

Entretanto, o cenário atual é bastante complexo e polarizado, especialmente em relação aos conflitos no Oriente Médio, Europa e África, que devem predominar na agenda do G20. Especialistas apontam que, apesar de ser o país anfitrião, a posição do Brasil é vulnerável e isolada. A maioria dos líderes ocidentais presentes na cúpula está prestes a deixar seus cargos, o que levanta questões sobre a eficácia da cúpula em promover uma agenda harmônica.

Adicionalmente, a recente vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas traz uma nova dinâmica ao grupo, já que o ex-presidente é conhecido por criticar as instâncias de governança global, preferindo relações bilaterais. A presença de Biden, embora marcante, é considerada figurativa por alguns analistas, que destacam que as discussões do G20 podem se afastar das necessidades dos países em desenvolvimento.

A pauta mais consensual deve ser a da fome, embora as divergências nas demais questões, como a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, possam dificultar um consenso eficaz. A África do Sul assumirá a presidência do G20 em 2025 e, segundo especialistas, deve continuar a promover algumas das pautas iniciadas pelo Brasil.

Em um momento em que o G20 se prova cada vez mais excludente, com uma representação predominante de países desenvolvidos ocidentais, a participação simbólica da União Africana destaca a necessidade de uma maior inclusão das vozes globais. A expectativa é que a reunião no Rio de Janeiro revele as tensões entre os blocos de países, como o G7 e o BRICS, exacerbando as divisões nas abordagens sobre desafios globais. No geral, a cúpula do G20 precisará lidar com uma variedade de questões críticas em um ambiente internacional fragmentado e polarizado.

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