Futebol Infantil Sob Ameaça: Portões Fechados em Jogos do Paulista Para Combater Violência das Arquibancadas

Violência nas Arquibancadas: Medidas Extremas no Futebol Infantil

O cenário futebolístico das categorias Sub-11 e Sub-12 no Campeonato Paulista passou a ser monitorado com rigor após se tornarem palco de episódios de violência e hostilidade. Recentemente, a Federação Paulista de Futebol (FPF) decidiu que as partidas das rodadas 16 e 17 serão realizadas com portões fechados. Essa drástica medida, respaldada pelo Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP), visa conter a crescente onda de agressões que vem sendo registrada.

Somente em 2025, contabilizou-se 46 casos de comportamentos violentos durante os jogos, um aumento marcante em relação aos 34 incidentes registrados na temporada anterior. A preocupação da FPF é compreensível: o que deveria ser um momento de diversão e aprendizado para os jovens se transformou em um verdadeiro ringue, com a participação ativa e agressiva de adultos, muitos deles pais e responsáveis.

As ofensas que permeiam essas partidas fogem do âmbito esportivo. Observam-se gritos de racismo, homofobia, gordofobia e até mesmo cenas de brigas físicas e ameaças, tornando o ambiente cada vez mais hostil. A própria Federação, em uma iniciativa de conscientização, lançou uma campanha que ilustra essa problemática. Pais que costumam se dirigir a seus filhos com palavras ofensivas não percebem que, em um jogo infantil, são eles que perpetuam comportamentos inaceitáveis.

Essa situação remete à rotina escolar. A FPF promoveu uma ação em que pais foram convidados a refletir sobre ofensas que poderiam ser ditas em sala de aula, percebendo que muitos dos gritos que se escutam nos campos têm a mesma origem. O questionamento ecoa: “Por que no colégio isso é inadmissível, mas no futebol não?”.

Diante de tudo isso, as crianças se destacam ao transcendender a luta e a hostilidade. Elas levam cartazes ao campo, clamando por respeito e divulgando mensagens como “Mais futebol, menos ódio” e “Só queremos nos divertir”. Essa postura dos pequenos jogadores reforça a importância da empatia e do respeito, valores que parecem estar se perdendo entre os adultos.

O contraste entre o que se espera de uma partida de futebol e o que tem acontecido nas arquibancadas é alarmante. O futebol deve ser uma escola de vida, um espaço de socialização e desenvolvimento pessoal. Quando esse espaço se torna um campo de batalha emocional e física, falhamos não apenas enquanto amantes do esporte, mas enquanto sociedade. A questão está posta: se não há respeito nas arquibancadas, o que podemos esperar da formação de uma nova geração?

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