A Nova Era do Futebol Brasileiro: A Urgente Necessidade de Entendimento Coletivo
O futebol brasileiro enfrenta um dilema que se tornou crônico: a incessante busca por culpados. Em um ambiente onde a pressão é constante, quando um time não consegue a vitória, a primeira ação normalmente é a demissão do treinador. Se um jogador se lesiona, o médico é o primeiro a ser criticado. Acontece o mesmo com fisioterapeutas e fisiologistas, cada um assumindo a culpa pelos fracassos. A circularidade desse comportamento revela uma falta de autocrítica e a resiliência de uma mentalidade retrógrada que não oferece soluções reais.
No entanto, uma mudança sutil, mas fundamental, está em curso. A ideia de uma liderança centralizadora, onde um único indivíduo detém todo o conhecimento e a responsabilização, está se tornando obsoleta. A moderna gestão esportiva aponta para a necessidade de uma estrutura mais colaborativa, onde decisões são tomadas em conjunto e com base em informações compartilhadas. Essa transformação vai além de simplesmente alterar hierarquias; trata-se de reconhecer a importância de cada área de atuação no desempenho do atleta.
Os clubes contemporâneos estão substituindo departamentos isolados por Núcleos de Saúde e Performance, marcando uma mudança significativa na forma como o futebol é gerido. O foco não deve estar na busca por um “culpado”, mas na compreensão do complexo sistema que envolve a performance dos jogadores. As lesões, por exemplo, não são causadas por falhas individuais, mas sim por uma combinação de fatores, desde qualidade do sono até questões nutricionais e estresse.
Falar sobre “overtraining” é comum, mas discutir a recuperação ainda é um tabu. Essa falta de atenção ao processo de recuperação e à compreensão de que fatores variados influenciam a saúde do atleta reflete uma pressa da sociedade em buscar respostas fáceis. O entendimento requer tempo e paciência, enquanto apontar dedos promete uma resolução imediata. Essa é uma dicotomia que permeia não só o esporte, mas também a sociedade como um todo.
Enquanto a cultura da terceirização da responsabilidade prevalecer, permaneceremos aprisionados em um ciclo vicioso: a troca incessante de figuras, contudo, sem uma real transformação nas estruturas. No final, o verdadeiro progresso não está na busca por culpados, mas na coragem de entender o todo. Como se revela no grande jogo da vida, o entendimento é o novo vencer. É hora de transformar o futebol brasileiro com uma mentalidade que valorize a colaboração e o entendimento, permitindo que o esporte alcance novos patamares de excelência.