Entre essas funcionárias, destaca-se Gabriela Pagidis, uma fisioterapeuta que, desde 1º de junho de 2017, ocupa a posição de secretária parlamentar. O que mais se chama a atenção é que, durante esse período, Gabriela recebeu a exorbitante quantia de R$ 807,5 mil, mesmo sem comparecer fisicamente ao Congresso Nacional. Enquanto deveria estar cumprindo suas obrigações no gabinete, a fisioterapeuta direciona seu tempo a duas clínicas de fisioterapia, revelando uma contradição gritante entre sua função parlamentar e suas atividades profissionais.
Gabriela, que cursou fisioterapia na Universidade de Brasília (UnB) entre 2014 e 2019, possui também duas pós-graduações na área, o que levanta discussões sobre a compatibilidade de sua formação acadêmica com suas funções no gabinete de Motta. As informações sobre seu desempenho são especialmente preocupantes, pois evidenciam uma possível falha nos mecanismos de controle da Câmara.
Em resposta a essas informações, a Câmara dos Deputados esclareceu que os servidores dotados de crachá não são registrados na portaria e que a entrada na garagem depende apenas do credenciamento. A instituição ressaltou que o controle de frequência desses servidores é uma responsabilidade individual de cada gabinete, levando a uma complexa rede de accountability.
Por sua vez, Hugo Motta defendeu a conduta de seu gabinete, afirmando que se empenha em garantir o cumprimento das normas que regem a presença e as obrigações de seus funcionários, incluindo aqueles que trabalham remotamente e não precisam registrar presença devido a regras específicas da Câmara. No entanto, à medida que essas disputas sobre a funcionalidade e a moralidade das práticas de trabalho na esfera pública se desenrolam, a necessidade de uma reformulação nas práticas de transparência e controle se mostra mais urgente do que nunca.