As tratativas para a liberação são organizadas pelo Egito, EUA, Catar e Israel. Os grupos contam com nacionais de Alemanha, Austrália, Áustria, Bulgária, Canadá, Finlândia, França, Filipinas, Indonésia, Jordânia, Japão, República Checa, Azerbaijão, Barhein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka, Chade, Reino Unido, Romênia, Moldávia e Ucrânia. No entanto, os brasileiros não foram contemplados em nenhum dos grupos autorizados a fazer a travessia.
A fronteira foi fechada no sábado e domingo após forças israelenses atingirem um comboio de ambulâncias, deixando 15 mortos e 60 feridos. Durante esse período, as passagens de feridos e portadores de passaportes estrangeiros ficaram suspensas. O ponto de trânsito foi reaberto somente nesta segunda-feira, sem divulgação de uma lista oficial dos autorizados a se deslocar. Estima-se que pelo menos 100 pessoas, em sua maioria com passaporte turco, tenham deixado Gaza.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, informou que seu par de Israel, Eli Cohen, garantiu que os brasileiros poderão cruzar a passagem de Rafah até a próxima quarta-feira. No entanto, autoridades do governo não conseguiram apontar o motivo pelo qual os brasileiros foram excluídos das primeiras listas de estrangeiros liberados de Gaza. Especula-se sobre possíveis razões políticas, como uma retaliação ao governo brasileiro por suas posições em votações no Conselho de Segurança da ONU, que foi presidido pelo Brasil no mês de outubro.
A passagem de Rafah fica no sul do enclave palestino, na fronteira com a Península do Sinai egípcia, e está sob controle do Egito desde um acordo fechado com Israel em 2007, quando o Hamas tomou o poder na Faixa de Gaza. Nos 16 anos seguintes, Israel e Egito mantiveram um duro controle do que, e de quem, entra e sai do território dominado pelo grupo terrorista.
O Egito tem receio de uma crise interna provocada por um grande fluxo de pessoas e pelo risco de infiltração de terroristas do Hamas no país. Além disso, o enclave sempre foi uma dor de cabeça para o líder egípcio, que tem laços estreitos com Israel e os Estados Unidos, colidindo desconfortavelmente com as opiniões pró-palestinos do seu próprio povo. A pressão da comunidade internacional pela abertura de um corredor humanitário em Rafah aumentou devido ao cenário de “cerco total” em Gaza e à ameaça de uma invasão por terra em alta escala ao norte.