A operação, que recebeu o nome de “Escolha Errada”, desvendou um intricado esquema de fraudes no Concurso Nacional Unificado (CNU). As investigações indicam que, entre abril e maio deste ano, Larissa trocou mensagens com Antônio Limeira das Neves, seu pai, que lhe enviou uma lista contendo diversos tipos de substâncias anabolizantes. Durante esse mesmo período, a jovem deveria estar voltada para a realização das provas eliminatórias do curso.
Larissa, natural de São Paulo e previamente atuante como agente de segurança penitenciária, decidiu fraudar o CNU para garantir a almejada posição com um salário inicial de R$ 22.900. O plano foi orquestrado por seu tio, Wanderlan Limeira, ex-policial militar com um passado criminal e apontado pela PF como o mentor da quadrilha. Sem fundos suficientes, a família se viu obrigada a vender bens, incluindo imóveis e um carro Honda Civic, para viabilizar a entrada no esquema.
As mensagens interceptadas revelam que Larissa estava negociando um “desconto” com o pai e combinando o envio do gabarito da prova. Em agosto de 2024, quando realizou o exame em Patos (PB), obteve um resultado idêntico ao de outros candidatos do grupo, algo considerado estatisticamente inviável.
A investigação avançou e a PF também viu indícios de que Larissa havia tentado fraudar o curso de formação, contando com a ajuda de Lais Giselly Nunes de Araújo, uma advogada conhecida por atuar no meio. Enquanto supostamente “simulava” dedicação ao curso, Larissa se envolvia em negociações ligadas à venda de anabolizantes com seu pai. Antônio Limeira atuava como intermediário entre sua filha e o esquema criminoso, sendo a ligação crucial que despertou a atenção das autoridades.
A mãe de Larissa, Georgia de Oliveira, também está sob suspeita devido a movimentações financeiras que ascendem a quase R$ 2 milhões, uma quantia que não parece condizer com sua renda declarada. A falência do plano ocorreu quando a Polícia Federal cruzou os gabaritos, expondo toda a farsa. Apesar de ter sido aprovada e estar prestes a assumir o cargo, Larissa enfrenta uma longa trajetória judicial, respondendo por crimes como fraude em concurso, organização criminosa e possível tráfico e, caso condenada, pode ser encarcerada por até 33 anos. Assim, o sonho de Larissa de ascender à carreira pública se transforma em um pesadelo jurídico, levando não apenas à perda do cargo, mas também de todos os investimentos de sua família.