A trama de Megalopolis gira em torno de um arquiteto ambicioso e visionário, determinado a reconstruir uma Nova York com uma abordagem imperial, enfrentando a resistência do prefeito, em meio a um cenário de decadência política e moral nos Estados Unidos. Coppola aproveitou a ocasião para compartilhar sua visão sobre a situação política atual em seu país, alertando para o risco de perder a República, assim como ocorreu na Roma clássica.
O cineasta contou com um orçamento significativo de R$ 615 milhões para a produção de Megalopolis e dedicou quatro décadas de sua vida ao projeto. No entanto, a recepção do filme pela crítica foi mista. Enquanto Peter Bradshaw, do jornal britânico The Guardian, classificou a obra como “megachata”, Tim Grierson, da revista britânica Screen Daily, a descreveu como um “desastre”. Por outro lado, a publicação americana Deadline elogiou o filme como uma “obra-prima moderna que reinventa as possibilidades do cinema”.
Megalopolis concorre com outros 21 filmes, incluindo a produção brasileira Motel Destino, de Karim Aïnouz. Esta não é a primeira vez que Coppola está na disputa por uma Palma de Ouro, tendo conquistado o prêmio em 1974 com o filme A Conversação e em 1979 com Apocalypse Now.
Nos bastidores da produção, surgiram polêmicas envolvendo o comportamento do diretor. Uma fonte relatou ao The Guardian que uma cena simples levou seis horas para ser filmada, enquanto acusações de tentativas de beijar figurantes foram negadas pelo produtor-executivo Darren Demetre. O filme é dedicado à memória da esposa de Coppola, Eleanor Coppola, falecida recentemente.
Francis Ford Coppola, aos 85 anos, enfatizou a importância de Cannes para sua carreira, considerando Megalopolis como seu trabalho mais ambicioso até o momento. Com financiamento próprio, o cineasta se dedicou a explorar a expressão do divino através do ser humano, destacando a relevância do festival para sua trajetória como artista independente.
Em suma, Megalopolis representa mais do que um simples filme para Coppola, mas sim a culminação de uma carreira marcada por obras icônicas e um compromisso inabalável com a arte cinematográfica. Cannes, por sua vez, abraçou o diretor e seu projeto com entusiasmo, reconhecendo sua contribuição significativa para a sétima arte.