França Solicita Adiamento de Acordo Comercial com Mercosul e Levanta Preocupações sobre Proteção da Agricultura Europeia

No último domingo, a França oficializou um pedido à União Europeia para adiar os prazos referentes à assinatura do acordo comercial com o Mercosul, em virtude do posicionamento de que “as condições não estão adequadas” para uma votação pelos Estados-membros. Segundo comunicado do gabinete do primeiro-ministro francês, Sebastien Lecornu, essa solicitação visa garantir a busca por medidas de proteção efetivas para a agricultura europeia.

O objetivo do governo francês é permitir um tempo adicional para trabalhar nas condições do acordo, que tem sido alvo de grande debate nos últimos anos. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, mira a assinatura do tratado de livre-comércio com Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai durante a cúpula do Mercosul, marcada para o próximo sábado em Foz do Iguaçu. Embora esse plano esteja em andamento, a autorização dos Estados-membros é essencial antes que o evento ocorra, e deve acontecer até este final de semana.

O pedido francês reflete uma resistência significativa dentro da União Europeia, que conta com outros países preocupados com os impactos do acordo. A França, liderando esta oposição, tem ressaltado a necessidade de salvaguardas para setores vulneráveis da agricultura europeia. Recentemente, a Comissão Europeia introduziu um mecanismo de “monitoramento reforçado” voltado a produtos agrícolas sensíveis, como carne bovina, aves, arroz e etanol. Este mecanismo inclui a possibilidade de intervenções no mercado caso a estabilidade seja ameaçada.

Enquanto isso, as nações do bloco europeu aguardam uma votação crucial no Parlamento Europeu sobre medidas de salvaguardas que buscam apaziguar os ânimos dos agricultores, especialmente os franceses, que temem as repercussões do tratado. O ministro da Economia e Finanças da França, Roland Lescure, já havia expressado sua insatisfação com o acordo em sua forma atual, reiterando que a aceitação por parte do país está condicionada ao cumprimento de três exigências fundamentais: garantias para a agricultura, imposição das normas de produção europeias sobre os parceiros do Mercosul e a realização de controles rigorosos nas importações.

Este acordo de livre-comércio, se ratificado, tem o potencial de revolucionar o comércio entre as partes, almejando facilitar as exportações europeias de automóveis, máquinas e vinhos em troca de um maior acesso a produtos agrícolas da América do Sul, como carne, açúcar, soja e arroz. Contudo, as preocupações de agricultores na França são palpáveis, dada a possibilidade de competição acirrada com produtos vindos do Mercosul, que podem inundar o mercado local e desestabilizar a produção nacional. A aprovação do tratado poderá levar à formação de um mercado comum englobando cerca de 722 milhões de pessoas, o que representa um passo significativo na integração comercial.

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