Este desconvite não foi recebido com lamentos por Vladimir Putin, que compartilha de ideias nacionalistas e ressentimento em relação à importância dada ao Dia D pelo Ocidente. Putin, ao longo dos anos, tem destacado a importância das batalhas travadas na frente oriental, onde a URSS teve papel fundamental na derrota do nazismo. Segundo Putin, a Rússia nunca menosprezou a importância da segunda frente e da ajuda dos aliados.
De acordo com a Academia Russa de Ciências, cerca de 26,6 milhões de soviéticos, em sua maioria civis, morreram durante a Segunda Guerra Mundial. A propaganda do Kremlin, durante e após o conflito, sempre enfatizou a grandeza e importância da Grande Guerra Patriótica na história do país.
A visão dos russos em relação ao Dia D difere bastante da perspectiva ocidental. Para muitos russos, a guerra foi decidida na frente oriental, onde ocorreram a maioria das perdas alemãs. A pouca importância dada pelos soviéticos ao Dia D ficou evidente desde o momento seguinte ao desembarque das tropas na costa da França e se intensificou durante a Guerra Fria.
A animosidade sobre o Dia D foi evidente durante o aniversário de 40 anos do desembarque, em 1984, quando os soviéticos lançaram uma campanha de difamação contra o evento. A sociedade russa absorveu essas ideias ao longo dos anos, o que contribui para a visão distorcida em relação à importância do Dia D na vitória dos Aliados.
Atualmente, Putin continua a utilizar a Grande Guerra Patriótica como pilar central de sua propaganda, exaltando o conflito como um momento definidor da alma russa e da resistência do povo russo. Sua oposição à visão ocidental sobre o Dia D faz parte de sua estratégia de consolidar a ideia de que o Ocidente é um inimigo que tenta enfraquecer a Rússia. Putin busca manter vivo o orgulho patriótico russo e a ideia de um futuro seguro para o país, baseado em suas tradições históricas.