França retira convite à Rússia do Dia D, causando saia justa diplomática às vésperas das celebrações dos 80 anos

Nos dias que antecederam as celebrações dos 80 anos do desembarque das tropas aliadas na Normandia, o Dia D, a anfitriã do evento, a França, se viu em meio a uma saia justa diplomática. O presidente Emmanuel Macron havia convidado a Rússia, mas acabou retirando o convite após pressão de países como os EUA. Oficialmente, o Palácio do Eliseu citou as “condições desfavoráveis” para a participação russa, fazendo referência à invasão da Ucrânia.

Este desconvite não foi recebido com lamentos por Vladimir Putin, que compartilha de ideias nacionalistas e ressentimento em relação à importância dada ao Dia D pelo Ocidente. Putin, ao longo dos anos, tem destacado a importância das batalhas travadas na frente oriental, onde a URSS teve papel fundamental na derrota do nazismo. Segundo Putin, a Rússia nunca menosprezou a importância da segunda frente e da ajuda dos aliados.

De acordo com a Academia Russa de Ciências, cerca de 26,6 milhões de soviéticos, em sua maioria civis, morreram durante a Segunda Guerra Mundial. A propaganda do Kremlin, durante e após o conflito, sempre enfatizou a grandeza e importância da Grande Guerra Patriótica na história do país.

A visão dos russos em relação ao Dia D difere bastante da perspectiva ocidental. Para muitos russos, a guerra foi decidida na frente oriental, onde ocorreram a maioria das perdas alemãs. A pouca importância dada pelos soviéticos ao Dia D ficou evidente desde o momento seguinte ao desembarque das tropas na costa da França e se intensificou durante a Guerra Fria.

A animosidade sobre o Dia D foi evidente durante o aniversário de 40 anos do desembarque, em 1984, quando os soviéticos lançaram uma campanha de difamação contra o evento. A sociedade russa absorveu essas ideias ao longo dos anos, o que contribui para a visão distorcida em relação à importância do Dia D na vitória dos Aliados.

Atualmente, Putin continua a utilizar a Grande Guerra Patriótica como pilar central de sua propaganda, exaltando o conflito como um momento definidor da alma russa e da resistência do povo russo. Sua oposição à visão ocidental sobre o Dia D faz parte de sua estratégia de consolidar a ideia de que o Ocidente é um inimigo que tenta enfraquecer a Rússia. Putin busca manter vivo o orgulho patriótico russo e a ideia de um futuro seguro para o país, baseado em suas tradições históricas.

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