Nos últimos anos, a presença militar francesa na África tem enfrentado intensas críticas e mudanças significativas. O Exército francês, que desde 2014 estava envolvido na operação antiterrorista Barkhane na região do Sahel, já havia se retirado do Mali em 2022, em resposta a uma crescente hostilidade local e a um contexto de instabilidade. Além disso, Burkina Faso anunciou, em março de 2023, a rescisão de um acordo de assistência militar que durava mais de seis décadas, sinalizando uma mudança na dinâmica de cooperação militar com a França.
A situação se agravou ainda mais com a recente mudança de governo no Níger em 2023, quando as novas autoridades determinaram a saída do embaixador francês e o cancelamento dos acordos de defesa existentes. Essa sequência de eventos culminou na completa retirada das tropas francesas do país no final de 2023.
Além do Senegal, a mídia francesa também relatou movimentações de tropas da França em outras nações africanas, como Gabão e Costa do Marfim, reforçando a tese de um recuo estratégico das forças militares francesas na região. Com as diversas rescisões de acordos e o crescente descontentamento com a presença militar externa, a França enfrenta um momento crítico em sua política africana, que pode culminar em uma reavaliação mais ampla de suas estratégias e objetivos continentais.
Essas mudanças refletem um panorama mais amplo de descolonização e de reconfiguração das relações de poder entre antigos colonizadores e suas ex-colônias, à medida que as nações africanas buscam maior autonomia e redefinem suas alianças estratégicas. Assim, a retirada da França do Senegal pode ser vista como um indicativo de um novo capítulo nas relações internacionais na África Ocidental.