Durante o evento, o especialista financeiro Paulo Figueiredo chamou a atenção para a possibilidade de Brasil e China realizarem transações usando suas moedas locais, uma estratégia que visa diminuir a dependência do dólar americano. No entanto, ele enfatizou que essa abordagem não poderá desbancar a moeda-dólar como referência global, adjetivando tal tentativa como uma “causa perdida”. Figueiredo afirmou que, mesmo com o apoio declarativo dos Estados Unidos a stablecoins, que têm o dólar como base, a proposta de substituir o dólar nas rotinas comerciais ainda é bastante remota.
“O Brasil não deveria vender soja para a China utilizando o dólar, quando poderia realizar a transação diretamente com uma moeda digital lastreada na moeda norte-americana”, exemplificou Figueiredo, ilustrando as vantagens práticas de uma troca mais direta e menos onerosa.
Complementando o debate, o especialista em criptomoedas Theodor Bogorodsky apontou para as vantagens da tecnologia blockchain, que atua como um certificador de transações em moedas digitais. Ele observou que muitos países, como China e Rússia, estão investindo em digitalização de suas economias e discussões sobre a possível criação de uma moeda única para os membros do BRICS, embora isso seja considerado um equívoco por ele. Bogorodsky argumentou que, em vez de desenvolver uma nova stablecoin, o ideal seria promover a interligação de criptoativos já existentes, permitindo que cada nação possa comerciar entre si de forma mais eficaz.
O encontro revelou, assim, um cenário em construção, onde a integração econômica dos países do BRICS pode avançar por meio da adoção de tecnologias digitais, mas sempre com a consciência das limitações impostas por uma moeda ainda dominante. Com a troca de opiniões entre os especialistas, o fórum trouxe à tona questões cruciais sobre a viabilidade e o futuro dos sistemas de pagamento e do comércio internacional.