Ao longo do sábado, foram registrados pelo menos quatro bombardeios no sul do enclave palestino. Autoridades de Gaza e jornalistas da Associated Press viram os corpos das vítimas chegando ao hospital. Entre os mortos estavam pelo menos 10 crianças, com a mais nova delas tendo apenas três meses de idade. Horas depois, um novo ataque matou três oficiais da Polícia Civil local.
O foco das operações israelenses em Gaza é a cidade de Rafah, que se tornou o último reduto do grupo Hamas. No entanto, a cidade se transformou em um refúgio para milhares de palestinos, que fugiram de seus lares à medida em que o conflito se intensificava. Antes da guerra, Rafah abrigava 250 mil pessoas, mas atualmente é a casa de mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A situação humanitária em Rafah é dramática, com uma séria escassez de alimentos, água e remédios. O crescente número de pessoas tem desencadeado surtos de doenças como sarna e piolho, com a ONU estimando que há um chuveiro para cada 2 mil pessoas e um banheiro para cada 500 habitantes.
O grupo Hamas alertou que uma ofensiva terrestre israelense em Rafah poderia resultar em “dezenas de milhares de mortos e feridos”. A pressão internacional sobre Israel tem aumentado, com líderes de diversos países demonstrando preocupação com as operações militares do país na região.
Apesar das críticas, o governo israelense decidiu manter sua posição de avançar sobre o sul do enclave, justificando que seria fundamental “eliminar o Hamas” para alcançar os objetivos da guerra. Fotógrafos da AFP testemunharam vários edifícios em Rafah destruídos pelos bombardeios israelenses e ativistas de direitos humanos alertaram para as consequências catastróficas de mais deslocamentos de cidadãos.
Além dos pesados bombardeios, a cidade de Gaza também vive momentos de intensa tragédia. O corpo da menina Hind Rajab, de seis anos, foi encontrado neste sábado após mais de duas semanas de buscas. Ela ficou conhecida depois de implorar por socorro após um ataque israelense ao veículo de sua família, que a deixou sozinha, ferida e rodeada pelos corpos de seus parentes mortos.
Hind foi ferida durante o ataque e fez diversas ligações pedindo ajuda, mas somente neste sábado seu corpo foi localizado junto com dos parentes e equipes de resgate que foram procurá-la. A tragédia da menina comoveu a comunidade internacional e desencadeou acusações de atrocidades por parte de Israel.
Irreparável, a mortes de Hind, bem como a dezenas de outras crianças e cidadãos palestinos, levantam questões sobre ações militares desproporcionais e violações dos direitos humanos. Enquanto a comunidade internacional segue pressionando por um fim aos conflitos, a situação em Gaza continua a se deteriorar em meio à crise humanitária e os ataques contínuos.