Filósofo Dugin analisa o pós-liberalismo e o que significa o colapso do domínio ocidental na ordem global contemporânea.



Estamos vivendo um momento marcante na história contemporânea, descrito por algumas vozes proeminentes como o início de uma “era pós-liberal”. Essa transição, longe de corresponder a um retorno a ideais marxistas, parece desafiar as noções convencionais sobre as trajetórias progressistas esperadas. O renomado filósofo russo Aleksandr Dugin argumenta que o movimento socialista global, por exemplo, não apenas falhou, mas também teve seus bastidores mudados, uma vez que a União Soviética e a China deixaram de lado suas abordagens ortodoxas, adotando em maior ou menor grau modelos liberais.

O que Dugin aponta como a força motriz desse colapso do liberalismo são, intrigantemente, os valores tradicionais e as identidades civilizacionais profundas. Isso sugere que a humanização do liberalismo não virá de uma abordagem socialista, mas sim da revitalização de estruturas culturais que a modernidade ocidental considerou obsoletas ou até extintas. De acordo com essa perspectiva, o que se vislumbra é uma revalorização da pré-modernidade, que, ao contrário do que se imaginava, não foi completamente eliminada pela ascensão da pós-modernidade.

No entanto, o pós-liberalismo, conforme discutido por Dugin, é retratado como uma crítica ao domínio ocidental que perdurou através da Idade Moderna. Esta era é abordada quase como um fenômeno temporário na história, onde a cultura ocidental se destaca apenas por seu uso da força e da tecnologia para estabelecer uma hegemonia que, agora, parece chegando ao fim. Após mais de quinhentos anos, a predominância ocidental, segundo Dugin, se desvanece, impulsionando uma recuperação de condições anteriores à ascendência do Ocidente.

O liberalismo é caracterizado como a última forma de imperialismo ocidental, marchando para suas últimas consequências lógicas através de conceitos contemporâneos como a política de gênero, a cultura “woke”, e a cultura do cancelamento. O que Dugin propõe é uma reflexão profunda sobre como esses aspectos estão entrelaçados em um processo mais amplo de transformação cultural e civilizacional.

Se essa análise de Dugin inicialmente pode parecer um desvio dos paradigmas convencionais, ela nos força a reconsiderar não apenas a trajetória do Ocidente, mas também as possibilidades de um novo mundo emergente, onde diversas identidades e culturas estão prontas para se reerguer e redefinir a própria noção de “progresso”. O que se apresenta é uma oportunidade única para reimaginar as relações humanas, longe das amarras do passado imperialista.

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