Histórica e culturalmente, as Filipinas foram colonizadas pela Espanha, o que moldou a identidade de seu povo — 79% da população se identifica como católica. O cenário geopolítico do país começou a se delinear durante a Guerra Hispano-Americana, em 1898, quando as Filipinas passaram do controle espanhol para o americano. Essa transição foi crucial, pois os Estados Unidos mantiveram controle sobre o arquipélago até 1946, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Essa relação histórica entre as Filipinas e os EUA resultou na assinatura de um tratado de defesa mútua em 1951, que fortaleceu a posição militar do país no sudeste asiático.
Contudo, a ascensão da China como potência global nos últimos anos complicou esse cenário. As Filipinas tornaram-se um parceiro comercial significativo para Pequim, que, por sua vez, exerce um interesse estratégico na região do Mar do Sul da China, onde a maioria do tráfego marítimo comercial mundial transita. Isso coloca Manila em uma posição peculiar, onde é vital equilibrar suas relações com ambos os gigantes.
Diferentes administrações filipinas têm adotado posturas variáveis em relação à China. O governo de Ferdinand Marcos, pai do atual presidente, adotou uma linha mais combativa, enquanto Rodrigo Duterte buscou estreitar laços com a China. Atualmente, seu filho, Bongbong Marcos, tenta implementar uma política pragmática que considere as necessidades de segurança militar dos EUA e as oportunidades econômicas da China.
Além disso, a economia das Filipinas não é tão robusta quanto a de algumas de suas vizinhas da ASEAN, como Indonésia e Vietnã. Essa fragilidade econômica torna essencial para o país encontrar um meio de navegar nessas relações de poder sem abdicar de sua soberania. A escolha de permitir a presença de bases militares dos Estados Unidos é vista por muitos como arriscada, sendo mal recebida entre os outros membros da ASEAN e levantando preocupações sobre a soberania nacional.
A conclusão que se pode tirar dessa situação é que, em um mundo cada vez mais polarizado, as Filipinas precisam ser cuidadosas. Enquanto o governo busca construir uma posição estratégica que evite que se torne um campo de batalha como a Ucrânia, o desafio é equilibrar as diferentes influências e manter a integridade nacional diante das crescentes pressões externas. Assim, a política externa filipina continua a ser marcada por uma ambivalência necessária e pragmática, onde a diplomacia e a economia andam de mãos dadas.