Feminicídios seguidos de suicídio: estudo revela perfil dos agressores em casos no Distrito Federal. Alerta da psiquiatra sobre fatores de risco.

Na última segunda-feira (11/11), Denise Medeiros de Oliveira, de 30 anos, foi vítima de um brutal assassinato após ser esfaqueada pelo ex-namorado Adriel Munis, de 29 anos, que, em seguida, tirou a própria vida. O crime chocante aconteceu no apartamento da vítima, em Vicente Pires. Infelizmente, esse não foi um caso isolado na região. Em agosto, uma ocorrência semelhante foi noticiada no Gama. Os corpos de Rosemeire Rosa Campos, de 46 anos, e do ex-marido, Anderson Cerqueira, de 45 anos, foram encontrados em um condomínio, onde o homem teria matado a ex-companheira e tentado contra a própria vida.

Esses dois trágicos eventos têm algo em comum: o feminicídio seguido de suicídio do agressor. Essas histórias são um reflexo de um fenômeno que alcançou a marca de 14,4% dos crimes registrados entre março de 2015 e setembro de 2024 no Distrito Federal. Um estudo conduzido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) analisou 28 ocorrências em que o feminicídio foi seguido pelo suicídio do agressor.

Os dados revelam que a maioria esmagadora dos feminicidas que tiraram a própria vida depois de cometerem o crime eram ex-companheiros das vítimas, perfazendo 54% dos casos. Em 46% das situações, o motivo do crime foi o não aceitamento do término do relacionamento por parte do agressor.

A psiquiatra forense Andrezza Brito destacou que a maioria dos perpetradores de feminicídio não possui doenças mentais, mas têm histórico de agressão prévia à parceira e acesso a armas de fogo, que são frequentemente usadas nesses atos terríveis. A especialista explicou que certos fatores como filhos com a vítima, doenças mentais ou físicas prévias, idade avançada em relação à vítima, e profissões como policial estão presentes nos agressores que cometem feminicídio seguido de suicídio.

Em relação à extinção da pena nos casos em que o agressor comete suicídio após o feminicídio, o promotor de Justiça Raoni Maciel enfatizou a sensação de impunidade que fica para os familiares das vítimas, uma vez que o autor não responderá pelos seus atos. A juíza Fabriziane Zapata também alertou para a delicadeza na cobertura midiática desses casos, destacando a importância de evitar o sensacionalismo e promover a conscientização sobre a violência de gênero e o feminicídio. E, por fim, a psiquiatra forense Andrezza Brito reforçou a importância de buscar ajuda em momentos difíceis, destacando os recursos disponíveis como o Centro de Valorização da Vida (CVV).

Portanto, é crucial que a sociedade esteja alerta para esses casos de feminicídio seguidos de suicídio, procurando identificar os sinais de alerta e promovendo a conscientização sobre a importância de buscar ajuda em momentos de crise emocional. A prevenção e o combate a esses crimes são responsabilidades de todos, e a união de esforços das autoridades, profissionais de saúde e da sociedade civil são essenciais para erradicar esse tipo de violência que assola as relações afetivas.

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