Esses dois trágicos eventos têm algo em comum: o feminicídio seguido de suicídio do agressor. Essas histórias são um reflexo de um fenômeno que alcançou a marca de 14,4% dos crimes registrados entre março de 2015 e setembro de 2024 no Distrito Federal. Um estudo conduzido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) analisou 28 ocorrências em que o feminicídio foi seguido pelo suicídio do agressor.
Os dados revelam que a maioria esmagadora dos feminicidas que tiraram a própria vida depois de cometerem o crime eram ex-companheiros das vítimas, perfazendo 54% dos casos. Em 46% das situações, o motivo do crime foi o não aceitamento do término do relacionamento por parte do agressor.
A psiquiatra forense Andrezza Brito destacou que a maioria dos perpetradores de feminicídio não possui doenças mentais, mas têm histórico de agressão prévia à parceira e acesso a armas de fogo, que são frequentemente usadas nesses atos terríveis. A especialista explicou que certos fatores como filhos com a vítima, doenças mentais ou físicas prévias, idade avançada em relação à vítima, e profissões como policial estão presentes nos agressores que cometem feminicídio seguido de suicídio.
Em relação à extinção da pena nos casos em que o agressor comete suicídio após o feminicídio, o promotor de Justiça Raoni Maciel enfatizou a sensação de impunidade que fica para os familiares das vítimas, uma vez que o autor não responderá pelos seus atos. A juíza Fabriziane Zapata também alertou para a delicadeza na cobertura midiática desses casos, destacando a importância de evitar o sensacionalismo e promover a conscientização sobre a violência de gênero e o feminicídio. E, por fim, a psiquiatra forense Andrezza Brito reforçou a importância de buscar ajuda em momentos difíceis, destacando os recursos disponíveis como o Centro de Valorização da Vida (CVV).
Portanto, é crucial que a sociedade esteja alerta para esses casos de feminicídio seguidos de suicídio, procurando identificar os sinais de alerta e promovendo a conscientização sobre a importância de buscar ajuda em momentos de crise emocional. A prevenção e o combate a esses crimes são responsabilidades de todos, e a união de esforços das autoridades, profissionais de saúde e da sociedade civil são essenciais para erradicar esse tipo de violência que assola as relações afetivas.