Nos últimos dias, os juros americanos têm impactado a desvalorização do real frente ao dólar. Essa manutenção da taxa por tanto tempo em um mesmo patamar, desde julho do ano passado, era amplamente esperada pelos agentes de mercado. A probabilidade de a taxa ser mantida era de 99,4% de acordo com a ferramenta FedWatch, baseada nas estimativas do mercado.
Apesar do consenso em relação à manutenção da taxa, há uma expectativa de um possível corte para a reunião de novembro, de acordo com a mesma pesquisa. O aquecimento persistente da economia americana, demonstrado por dados positivos de emprego e inflação, tem dificultado a redução dos juros, já que um aumento na atividade econômica pode estimular a inflação.
Os investidores também estão de olho no pronunciamento do chefe do Federal Reserve, Jerome Powell, e na divulgação da ata da reunião, que irá trazer expectativas para as taxas futuras de PIB e inflação. A decisão do Federal Reserve não afeta apenas o mercado americano, mas também impacta os negócios em todo o mundo, incluindo o Brasil.
A manutenção da taxa nos Estados Unidos tem impacto direto nos ativos globais, inclusive no Brasil. Com a taxa americana em um patamar elevado, há um fluxo maior de investimentos para os títulos do tesouro americano, o que pode dificultar a redução da taxa básica de juros brasileira, a Selic. A expectativa é que a Selic termine o ano em 10,25%, com a mediana das projeções apontando para um corte de 0,25 ponto percentual.
A instabilidade doméstica, a divisão no Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro e a situação fiscal do país também devem influenciar na continuidade do processo de flexibilização monetária no Brasil. O impacto da taxa americana já reflete no dólar, que atingiu a máxima do ano, chegando a R$ 5,36 no último dia. O fluxo de investimentos estrangeiros no Brasil também já ultrapassa os R$ 38 bilhões em 2024, segundo dados da B3.
Com todas essas projeções e expectativas, a economia global e o mercado financeiro estão atentos às decisões e desdobramentos do Federal Reserve e do Banco Central brasileiro nos próximos meses. A conexão entre as taxas de juros e os movimentos econômicos globais é um fator determinante para os investidores e para a economia como um todo.