A porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, confirmou a morte do ativista em um comunicado formal feito à mãe dele, Liumila, neste sábado. Yarmysh ainda informou que o corpo do ativista está na cidade de Salekhard, localizada no Círculo Ártico, exigindo que os restos mortais sejam entregues imediatamente à sua família. Ela relatou ainda que a mãe e o advogado do ativista chegaram ao necrotério de Salekhard, mas encontraram o local fechado, apesar das garantias de que estaria funcionando e de que o corpo de Navalny estaria lá.
Liumila informou em vídeo que chegara na manhã deste sábado à colônia penal no assentamento Kharp, onde aguardou por duas horas até ser informada de que o corpo de Navalny tinha sido “transferido para Salekhard”. Advogados e grupos de direitos humanos acreditam que o processo de recuperação do corpo do ativista pode levar dias.
Mais tarde, o diretor da Fundação Anticorrupção de Alexei Navalny afirmou que a mãe do ativista foi informada por funcionários da prisão que seu filho havia morrido devido à “síndrome da morte súbita”. Em uma última publicação neste sábado, Yarmysh afirmou que os advogados da família foram informados de que a investigação havia sido concluída, e que não havia nenhum indício de crime, alegando que “eles literalmente mentem todas as vezes, nos conduzindo em círculos e encobrindo seus rastros”.
Alexei Navalny cumpria pena de 19 anos de prisão por “extremismo”, em colônia de “regime especial”. Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, após se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin. O anúncio da sua morte foi feito pelo Serviço Penitenciário Federal do país na sexta-feira, coincidindo com o mês das eleições presidenciais russas, marcadas para março. O órgão afirmou que as causas da morte estão sendo investigadas, e a TV estatal russa afirmou que ele teve uma embolia.
O caso vem despertando indignação e repúdio internacional, sendo o chefe da ONU “chocado” com a morte de Navalny e pedindo por uma investigação “completa, crível e transparente” do caso. A morte do principal opositor ao presidente Vladimir Putin evoca o legado de um defensor da democracia, mas também mostra o poder da máquina de repressão do governo russo. Entretanto, sem a confirmação oficial dos fatos, a morte de Navalny permanece envolta em mistério e suspeitas.