Alagoas registra mais um emocionante exemplo de solidariedade e esperança no complexo universo dos transplantes de órgãos. Uma família alagoana, em meio à dor de perder um ente querido, tomou a nobre decisão de doar seus órgãos, transformando o luto em uma nova chance de vida para quatro pessoas da fila de espera no estado. Este gesto destaca a incessante dedicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e da Central de Transplantes para sensibilizar, mobilizar e organizar a captação de órgãos no território.
O doador, um homem de 50 anos, foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. Após cinco dias sob cuidados intensivos, a equipe médica constatou sua morte encefálica utilizando um rigoroso protocolo que envolve exames clínicos em momentos distintos, conduzidos por diferentes médicos.
Segundo Lucas Santana, coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HGE, “Com o diagnóstico de morte encefálica, acionamos a nossa corrente do bem. Várias pessoas, de diferentes setores do hospital e da Sesau, se unem para viabilizar essa captação. Temos um grande apoio das equipes da Emergência, da Vermelha Clínica, da UTI e do Centro Cirúrgico”. Essa colaboração é vital não apenas para o sucesso da captação, mas também para trazer esperança às centenas de pessoas que aguardam um transplante.
No último levantamento da Central de Transplantes de Alagoas, constatou-se que 547 alagoanos estão na espera por um órgão: 513 aguardam por córneas, 30 por um rim e quatro por um fígado. Na operação recente, realizada no HGE – a maior unidade de Urgência e Emergência do estado – foram captados córneas e rins, os quais foram transportados em condições adequadas para serem transplantados conforme a Lista Única de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (MS).
“A eficiência logística é crucial para a realização de transplantes, dado que cada órgão tem um limite de tempo para ser transplantado. Nossa equipe mobiliza todos os recursos necessários, como materiais de consumo, agendamento de salas cirúrgicas e pessoal especializado”, explicou Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas.
Para tornar-se um doador de órgãos, é fundamental que a pessoa comunique sua decisão à família. Isso porque, mesmo anos depois, no caso de morte encefálica, a autorização para a doação dependerá dos familiares. “Sua família precisa estar ciente do seu desejo de doar, para que a doação possa ser efetivada. Após a manifestação da família, a equipe de saúde realiza uma entrevista detalhada para investigar o histórico clínico do possível doador, garantindo a segurança do procedimento”, reforçou Daniela Ramos.
Cada ato de doação representa um passo significativo na jornada para salvar vidas, e o exemplo da família alagoana solidifica a importância da conscientização e do preparo logístico para a realização bem-sucedida de transplantes.