Marcela Pontes, gerente de Acesso e Petrificação do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sindusfarma), destacou que o Brasil está fora do circuito mundial de pesquisas clínicas, ocupando o 19º lugar nesse ranking quando se consideram todas as doenças. Ela ressaltou também o alto custo dos estudos clínicos por paciente, devido à carga tributária elevada do país.
Além dos problemas citados por Marcela, o diretor da Federação Brasileira das Associações de Doenças Raras (Febrararas), Rômulo Marques, defendeu a aprovação do Projeto de Lei 3262/20, em análise na Câmara. Esse projeto cria o Fundo Nacional para Custeio e Fornecimento de Medicações e Terapias destinadas ao Tratamento de Doenças Raras ou Negligenciadas e propõe a instalação de centros de referência em diferentes regiões do país. Segundo Marques, esses centros seriam importantes para a troca de conhecimentos entre profissionais de saúde e para a gestão adequada das unidades hospitalares.
Outra questão abordada durante a audiência foi o tempo que o tratamento de doenças raras leva para ser realizado no país. Marina Domenech, vice-presidente da Associação Brasileira das Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro), destacou que no Brasil esse processo leva cerca de 10 a 15 anos, enquanto nos Estados Unidos a demora é de aproximadamente sete anos. Ela ressaltou a importância de se estabelecer padrões e protocolos comuns para acelerar o diagnóstico e o início do tratamento.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), autora do requerimento para a realização da audiência, também enfatizou a importância do diagnóstico precoce e ressaltou a responsabilidade do Estado em fornecer políticas públicas que garantam o direito à saúde, assegurado pela Constituição.
Vale ressaltar que no Brasil existem cerca de 13 milhões de pessoas diagnosticadas com alguma doença rara. A falta de apoio à pesquisa clínica e o tempo prolongado para o acesso ao tratamento são desafios que precisam ser superados para garantir uma melhor qualidade de vida para essas pessoas.