Exposição inovadora de Jeff Alan preenche lacunas históricas com retratos de corpos pretos e rostos esquecidos na história brasileira.

A exposição “Comigo Ninguém Pode – A Pintura de Jeff Alan”, curada pelo jornalista e antropólogo Bruno Albertim, está em cartaz no Centro Cultural da Caixa, localizado no Passeio, região central do Rio de Janeiro. O curador destaca que o artista Jeff Alan preenche os espaços “brancos perversos da história”, onde rostos e corpos pretos eram frequentemente retratados como objetos ou na visão do homem branco com acesso aos códigos europeus, sem autonomia para se retratar.

Bruno Albertim ressalta que Jeff Alan é um pintor extraordinário, com um domínio incrível da luz e do jogo de claro e escuro. A exposição é descrita como etnográfica, mostrando pessoas conhecidas pelo artista em um contexto dramático, mas com influência da cultura pop.

A história entre o curador e o artista teve início na Casa Estação da Luz, em Olinda, Pernambuco, onde Jeff se destacava na cena contemporânea da região. Após um encontro revelador, Albertim decidiu montar uma exposição individual do artista, que mais tarde também foi exibida no Centro Cultural da Caixa em Recife, recebendo um grande público.

A obra de Jeff Alan representa uma forte tradição artística em Pernambuco, com um figurativismo marcante que retrata a figura humana e as paisagens de forma subjetiva. O artista traz um olhar inovador e reverte a valorização histórica da figura do homem branco para destacar a representatividade preta na arte contemporânea brasileira.

A exposição também levanta discussões sobre pertencimento e ancestralidade, retratando não apenas indivíduos pretos, mas toda uma história apagada e silenciada ao longo do tempo. Renan Freira Guimarães, mediador do Centro Cultural, destaca a importância da exposição na representatividade e na identificação do público negro com as obras de Jeff Alan.

O visitante Cláudio de Paula elogia a exposição e destaca a importância de espaços como esse para valorizar as expressões das mulheres negras e dos ancestrais. Ele pretende retornar à mostra com a filha, que também se identifica com a luta pela representatividade e pelo reconhecimento da cultura negra na sociedade.

A exposição de Jeff Alan se destaca não apenas pela qualidade artística, mas também por trazer à tona discussões profundas sobre identidade, ancestralidade e valorização da cultura negra no Brasil. A mostra é um convite para reflexões sobre o papel da arte na construção de uma narrativa mais inclusiva e diversa.

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