O estado do Amazonas se destaca com a maior incidência, registrando 3.228 casos confirmados. Rondônia segue com 1.710 casos, e a Bahia contabilizou 844. Um ponto bastante preocupante é a disseminação do vírus para regiões não-tropicais, como Santa Catarina, que já notificou 169 casos suspeitos, evidenciando que a febre oropouche não se limita mais ao clima amazônico.
A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. O vírus responsável, o Orthobunyavirus oropoucheense (Orov), foi isolado pela primeira vez na década de 1960. A doença tem sintomas que podem ser confundidos com outras arboviroses, como dengue, chikungunya e zika, incluindo febre alta, dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia. No entanto, alguns aspectos peculiares podem ajudar os médicos a distinguir a oropouche das outras condições.
A dor de cabeça persistente, especialmente na região da nuca, é um sintoma característico da oropouche, diferenciando-se da dengue, onde a dor é mais proeminente nos olhos. Outro indicador é a recidiva dos sintomas após um período de duas a três semanas. Conforme explica o infectologista Ralcyon Teixeira, a oropouche pode apresentar uma segunda fase da doença após uma breve melhora inicial.
Em relação às erupções cutâneas e o amarelamento dos olhos e pele, características comuns em outras arboviroses, a oropouche se manifesta de maneira diferente. As erupções cutâneas são menos frequentes e não ocorrem amarelamento dos olhos.
Para crianças, o cuidado deve ser redobrado, pois os pequenos não conseguem expressar claramente o que sentem. Sinais de irritabilidade e perda de apetite são indicadores importantes de que algo está errado. Já em grávidas, além dos sintomas comuns aos adultos, existe a preocupação adicional da possível transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto, o que levanta questões sobre potenciais malformações congênitas, incluindo microcefalia.
A relação entre a febre oropouche e a microcefalia ainda está em estudo. Um caso notável que chamou a atenção envolve um bebê do Acre nascido com anomalias congênitas e que faleceu aos 47 dias. Exames revelaram a presença do vírus em diversos tecidos do bebê, sugerindo uma possível ligação.
O diagnóstico da febre oropouche é complexo e exige a exclusão de outras condições. Segundo a infectologista Andrea Almeida, a confirmação da doença depende da análise combinada dos sintomas apresentados, exames laboratoriais e o contexto epidemiológico.
Este cenário evidencia a necessidade de maior atenção e conscientização sobre a febre oropouche, sua diferenciação das outras arboviroses e os métodos de prevenção e diagnóstico, reforçando a relevância das políticas de saúde pública no combate à disseminação do vírus.