Com os novos acordos, espera-se que a Rússia consiga exportar mais de 40 milhões de toneladas de GNL anualmente para a China, o que representa uma fatia substancial das importações do gigante asiático. Este incremento no suprimento russo é especialmente preocupante para os EUA, uma vez que, devido à distância dos mercados estratégicos, seu gás só pode ser vendido na forma liquefeita. O impacto dessa dinâmica é amplificado pelo recente afastamento de Pequim em relação às importações de GNL americano, que não acontecem há mais de seis meses devido a tensões comerciais em curso entre os dois países.
Analistas alertam que a China, sendo o maior importador de GNL do mundo, pode não apenas redefinir sua matriz energética, mas também impeçar de vez os planos dos EUA de dominar esse mercado. As projeções indicam que, até 2030, o gás russo poderá atender a cerca de 20% da demanda chinesa, um aumento significativo em comparação ao atual de 10%.
Diante desse panorama, especialistas da consultoria Bernstein afirmam que essa expansão da presença russa no mercado pode colocar em xeque não apenas os projetos de GNL em curso, mas também a própria liderança energética americana. A possibilidade de a China não mais necessitar do GNL dos EUA gera inquietação em Washington e entre as empresas americanas que investem nesse setor. Essa nova realidade é um indicador da crescente relação estratégica entre Rússia e China, com possíveis repercussões globais que vão além do campo econômico, afetando, por exemplo, a geopolítica e as alianças internacionais no setor energético.
À medida que a China se torna cada vez mais independente na sua demanda energética, o desafio para os EUA se intensifica, criando um novo jogo de xadrez no cenário mundial de energia.