Exército Brasileiro Avalia Produção Nacional de Obuseiros: Desafios e Oportunidades no Setor de Defesa

Recentemente, um workshop realizado em São Paulo trouxe à tona discussões fundamentais sobre a produção de obuseiros no Brasil, envolvendo o Exército Brasileiro e diversas empresas locais. Esta iniciativa, promovida pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército, busca não apenas apresentar um projeto para a fabricação nacional de obuseiros, mas também explorar as alternativas disponíveis e formar parcerias com o setor privado.

Os analistas apontam que a crescente instabilidade no cenário internacional e as políticas de sanções têm tornado a nacionalização da produção militar um tema de extrema relevância. Fabrício Ávila, especialista em ciência política e presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia, enfatizou a importância dessa iniciativa, afirmando que a produção interna de armamentos pode gerar empregos, movimentar a economia local e reduzir a dependência de importações. Além disso, ele destacou que essa aproximação entre o governo e o setor privado pode aproveitar habilidades que mantêm competência no país, como a produção de peças metálicas e tecnologia de reatores.

Entretanto, o Brasil enfrenta desafios significativos para concretizar esse projeto. O especialista Pedro Paulo Rezende ressalta que a falta de conhecimento tecnológico na metalurgia é um obstáculo. Para ele, a construção de um obuseiro nacional não se resume à fabricação do tubo: a base tecnológica e o desenvolvimento de um corpo técnico adequado são fundamentais para que o Brasil possa produzir seu próprio armamento e não depender de fornecedores externos.

A viabilidade de parcerias também foi discutida durante o evento. As fábricas de caminhões civis no Brasil, por exemplo, poderiam contribuir para a produção de canhões de 155 mm, que poderiam ser desenvolvidos pela Avibras. Esse tipo de colaboração, segundo os analistas, representaria um avanço significativo na artilharia nacional.

Além disso, o Exército Brasileiro conta atualmente com 109 unidades de artilharia autopropulsada, e com a necessidade constante de manutenção e reposição desses equipamentos, a produção local de obuseiros torna-se ainda mais crucial. O desenvolvimento de projetos viáveis, com prazos de entrega curtos, pode ser a chave para fortalecer a autonomia bélica do Brasil e garantir maior segurança nas operações militares do futuro.

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