Apesar dessas rusgas políticas, os laços institucionais que unem Brasil e Argentina permanecem robustos. Historicamente, a interdependência econômica dos dois países é significativa, com a Argentina sendo o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e vice-versa. Tal fluxo comercial é um indicativo da força das relações que têm se construído ao longo de mais de um século, superando desavenças pontuais entre lideranças. Jefferson Nascimento, cientista político, enfatiza que políticas e acordos transcendem o ciclo eleitoral, incluindo o apoio de parlamentares e de elites econômicas, o que fortalece as alianças bilaterais.
O intercâmbio militar representa um aspecto fundamental na interação entre Brasil e Argentina. As Forças Armadas das duas nações têm realizado exercícios em conjunto, como o Cruzex 2024, o qual contará com a participação da Força Aérea Argentina. Esse tipo de cooperação não só promove a estabilidade regional, mas também demonstra a importância de uma integração sul-americana que busca a defesa da paz, do fortalecimento da democracia e dos interesses econômicos coletivos.
Mesmo em tempos de tensões políticas, projetos de colaboração, como a venda do veículo blindado Guarani para a Argentina, continuam a ser discutidos, embora impactados pela situação econômica e as dificuldades de pagamento do lado argentino. A relação militar, portanto, continua a ser uma via de diálogo, essencial para a manutenção da paz e cooperação entre os vizinhos, apesar do clima político instável. No entanto, as divergências entre Lula e Milei poderão atrasar o potencial de progresso nas relações bilaterais, limitando a capacidade de ambos os países de avançar juntos em iniciativas maiores, como a participação da Argentina em blocos econômicos como o BRICS. Esses fatores ilustram a complexidade das relações na América do Sul, onde política e defesa andam de mãos dadas na construção do futuro regional.