Executivos da BHP e Vale ganham $505 milhões desde rompimento da barragem de Mariana: Vítimas aguardam indenizações e responsabilização. Julgamento em andamento.

Os executivos da BHP e da Vale, responsáveis pelo rompimento da barragem de Mariana em 2015, receberam cerca de US$ 505 milhões — o equivalente a R$ 2,8 bilhões — das mineradoras desde o desastre. Enquanto isso, mais de 600 mil vítimas aguardam por suas indenizações e pela responsabilização das empresas envolvidas. A tragédia de Mariana resultou na morte de 19 pessoas, deixou centenas de famílias desabrigadas e contaminou rios e o Oceano Atlântico com rejeitos de minério.

Nesta segunda-feira (21/10), às vésperas do aniversário de 9 anos do desastre, a Alta Corte de Justiça de Londres iniciou o julgamento da responsabilidade da BHP no ocorrido. O processo deve se estender até março deste ano. Enquanto isso, a Vale entrou em um acordo com a BHP para dividir 50% dos custos das indenizações caso a BHP seja condenada.

Uma análise feita em parceria com o portal de investigação britânico Finance Uncovered revelou que os 38 principais executivos da Vale, da BHP e da Samarco, desde o desastre, receberam 1.07% do valor total destinado às vítimas. A investigação também apontou que esses executivos tinham mais incentivo financeiro para aumentar os lucros das empresas do que para promover a prevenção de riscos.

A demora na responsabilização das empresas na justiça tanto inglesa quanto brasileira possibilita que elas mantenham altos lucros, enquanto as vítimas do desastre continuam aguardando por suas indenizações. A Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, concedeu aos executivos maiores incentivos para retornos financeiros e projetos de longo prazo do que para a prevenção de riscos.

Os documentos internos da Samarco mostraram que, em 2015, a prevenção de riscos representava apenas 20% dos incentivos aos executivos, enquanto o restante se concentrava em aumentar os lucros das empresas. A subestimação dos riscos de um rompimento de barragem pela Samarco um ano antes do desastre evidencia o desequilíbrio entre os interesses dos executivos e a segurança das comunidades afetadas.

A Vale, a BHP e a Samarco ainda não responderam diretamente às perguntas sobre suas condutas, fornecendo apenas declarações genéricas. Enquanto isso, mais de 600 mil vítimas do desastre de Mariana aguardam por justiça e por uma reparação adequada após nove anos de luta. A responsabilização das empresas envolvidas é crucial não apenas para a compensação das vítimas, mas também para garantir a segurança e a prevenção de novos desastres ambientais.

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