Ex-primeira-dama do Peru pede ao STF brasileiro para evitar extradição e anular provas da Odebrecht no processo de corrupção que a condenou.

A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, tem buscado apoio legal no Brasil ao entrar com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de contestar um mandado de prisão emitido contra ela pela Justiça peruana. Desde abril, Heredia se encontra como asilada no Brasil, após se sentir ameaçada por um processo judicial que a colocou em uma situação de vulnerabilidade.

Casada com o ex-presidente Ollanta Humala, Heredia foi condenada em março a 15 anos de prisão por corrupção relacionada à empreiteira brasileira Odebrecht. As acusações afirmam que o casal recebeu aproximadamente 3 milhões de dólares para financiar campanhas presidenciais nos anos de 2006 e 2011. Enquanto Humala cumpre sua pena no Peru, a ex-primeira-dama luta para evitar um destino similar.

Um dos principais argumentos da defesa é a anulação das provas obtidas em cooperação entre Brasil e Peru, insistindo que essas evidências são ilegais e, portanto, inaceitáveis perante a lei. A petição apresentada ao STF ressalta que aceitar a colaboração judicial entre os dois países implicaria na perpetuação de um processo penal baseado em provas que já foram considerados inadmissíveis por decisões anteriores da Corte. Em 2023, o STF havia decidido que as provas utilizadas contra Humala não eram válidas, e a defesa de Heredia agora busca que esse mesmo entendimento se aplique a ela.

Nos últimos dez anos, o cenário político no Peru tem sido marcado pela instabilidade, com sete presidentes diferentes, dos quais apenas dois foram eleitos diretamente pelo povo. A atual presidente, Dina Boluarte, que assumiu após a queda de Pedro Castillo em um controverso processo de autogolpe, também enfrentou desafios, sendo recentemente destituída com ampla votação favorável à sua remoção.

Com um passado conturbado em um ambiente político volátil, Heredia agora depende do sistema judiciário brasileiro enquanto navega pelo complexo labirinto das leis, tanto do Brasil quanto do Peru, na esperança de garantir sua liberdade e evitar a extradição. Esta situação levanta questões sobre direitos humanos e o tratamento de asilados políticos, além das complicações que surgem em contextos de corrupção envolvendo figuras públicas.

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