Durante a entrevista, Yañez descreveu o que vivera como uma forma grave de violência emocional e física, com ataques constantes que deixaram marcas visíveis, conforme evidenciado em imagens divulgadas recentemente, onde aparece com hematomas e um olho roxo. A ex-primeira-dama relatou ainda um episódio angustiante no qual o ex-presidente ameaçava cometer suicídio se ela tomasse determinadas ações, num ciclo de hostilidades que durou dois meses.
Yañez lamentou a falta de assistência de pessoas ao redor, embora muitos soubessem da situação dentro da residência presidencial em Buenos Aires. De acordo com uma reconstrução feita pelo jornal argentino La Nación, vários funcionários presenciaram atos de violência por parte de Fernández contra Yañez durante seu mandato.
Após a separação, Yañez se mudou para Madrid, na Espanha, com o filho do casal, Francisco, e temendo por sua segurança, a Justiça argentina, sob a responsabilidade do juiz Julián Ercolini, decidiu reforçar sua proteção na capital espanhola. Em resposta às graves acusações, a Justiça também confiscou o celular de Fernández e impôs restrições à sua liberdade, incluindo a proibição de saída do país e a ordem de manter-se a pelo menos 500 metros de distância da ex-companheira.
Yañez apresentou a primeira denúncia formal contra Fernández na última terça-feira, acusando-o de violência física e assédio. Em audiência com o juiz Ercolini, foram adotadas medidas restritivas imediatas para proteger a ex-primeira-dama. Durante essa sessão, a acusação mencionou mensagens encontradas no telefone da ex-secretária particular de Fernández, María Cantero, que continham referências explícitas a atos de violência física atribuídos ao ex-presidente.
O caso tem reverberado amplamente no espectro político argentino, gerando reações diversas. Cristina Kirchner, ex-presidente e vice-presidente durante o governo de Fernández, admitiu publicamente que ele “não foi um bom presidente” e condenou as revelações como “aspectos sórdidos e obscuros da condição humana”.
Em meio a repercussões, o advogado de Yañez, Juan Pablo Fioribello, foi denunciado por violação do sigilo profissional e incompatibilidade de conselhos. Sua substituta, Mariana Gallego, está agora à frente do caso.
Enquanto o ex-presidente nega veementemente todas as acusações, enfatizando que “a verdade dos fatos é outra”, o desenrolar judicial segue acompanhando atentamente as alegações de Yañez, buscando garantir que atos tão graves não se repitam e que justiça seja feita.