A denúncia feita por Yáñez resultou em uma investigação por parte da promotoria, que, após a análise dos elementos do caso, decidiu por seguir adiante com a acusação. Dentre as provas apresentadas estão conversas de WhatsApp entre Yáñez e a secretária do ex-presidente, fotos que documentam os ferimentos da ex-primeira-dama, além de depoimentos de familiares e amigos que corroboram a existência de abusos físicos e psicológicos ao longo da relação de oito anos.
O juiz Ercolini também ordenou o bloqueio de 10 milhões de pesos, equivalentes a aproximadamente R$ 40 mil, dos bens de Fernández como parte das decisões de cautela no processo. Também foi enfatizado no julgamento que as agressões físicas se intensificaram especialmente após a gravidez de Yáñez, levando a um estado de vulnerabilidade e sofrimento emocional para a vítima.
Em um cenário inédito, Fernández se torna o primeiro ex-presidente argentino a se ver oficialmente acusado de violência de gênero, um reflexo das mudanças na cultura e na legislação acerca das questões de gênero na América Latina. O ex-presidente, que deixou o cargo em dezembro de 2023, após a vitória de Javier Milei, nega as acusações e afirma não ter usado violência física contra Yáñez. Ele também solicitou que o juiz se afastasse do caso, alegando animosidade.
Se o ex-presidente for considerado culpado, poderá enfrentar uma pena que varia de 3 a 18 anos de prisão. Adicionalmente, a situação de Fernández é complexificada por outra investigação em andamento, relacionada a supostas irregularidades na contratação de seguros durante sua administração. O desdobrar desse caso poderá ter implicações significativas tanto para a sua reputação quanto para o cenário político argentino.
