Os relatos de Lessa, compilados em seis vídeos e aproximadamente 150 páginas de depoimentos, revelaram não apenas o planejamento meticuloso do assassinato, mas também a complexa teia de conexões envolvendo milicianos e os mandantes do crime. O ex-PM rascunhou sua delação em doze páginas de um caderno, com os primeiros parágrafos escritos à mão, descrevendo seus delatados como “alvos” e revelando frases atribuídas aos irmãos Brazão, apontados como os responsáveis pelas execuções.
Segundo Lessa, ele foi abordado pelo miliciano Macalé com uma proposta irresistível para enriquecer, sem saber inicialmente quem seria o alvo do assassinato. Aceitando a proposta de assassinar sem hesitação, Lessa só descobriu que havia matado o motorista Anderson Gomes horas após o crime, em um bar chamado Resenha, onde um garçom mostrou fotos do crime para ele e Élcio Queiroz, outro acusado pelo crime.
A delação de Lessa também revela a estreita relação entre Macalé, os irmãos Brazão e o próprio ex-PM, construída em um ambiente peculiar de passarinhos, cavalos e mata. O ex-PM descreveu esses encontros como momentos de descontração regados à cerveja e sinuca, onde a parceria criminosa foi sendo solidificada.
A narrativa de Lessa sobre o crime que chocou o país traz à tona novos detalhes até então desconhecidos, mostrando a frieza e a brutalidade envolvidas na execução de Marielle Franco e Anderson Gomes. A investigação dessas revelações promete lançar luz sobre a complexa rede criminosa por trás desse ato hediondo que abalou o Rio de Janeiro.