Ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem é intimado pela PF para depor sobre suposto monitoramento ilegal de reunião entre Bolsonaro e Heleno.

O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, será intimado a prestar depoimento à Polícia Federal no Rio de Janeiro, na próxima quarta-feira. A investigação envolve o suposto monitoramento ilegal realizado pela Abin durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, e tem como base um áudio clandestino de uma reunião entre Bolsonaro e o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.

O áudio em questão foi apreendido pela Polícia Federal na residência de Ramagem no dia 24 de janeiro deste ano. Este arquivo faz parte de um inquérito que visa esclarecer as atividades ilegais de monitoramento realizadas pela Abin. Na gravação, discute-se uma investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, do Rio de Janeiro.

O material foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e aguarda uma perícia do Instituto Nacional de Criminalística para transcrição completa da reunião, que teve uma duração de 1 hora e 8 minutos, incluindo momentos de sobreposição de vozes.

Segundo a Polícia Federal, durante a reunião no Palácio do Planalto, em agosto de 2020, foram debatidas possíveis irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que resultou no inquérito das “rachadinhas” contra o senador Flávio Bolsonaro. Advogados do senador estavam presentes, mencionando estratégias defensivas que planejavam adotar.

No decorrer da gravação, Ramagem sugeriu a abertura de um procedimento administrativo contra os auditores para anular a investigação e remover alguns deles de seus cargos. O ex-diretor da Abin também destacou a importância do devido processo e da apuração administrativa em casos de desvio de conduta funcional.

Apesar das alegações e justificativas apresentadas por Ramagem, o caso continua sendo investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. A repercussão do suposto monitoramento ilegal pela Abin durante a gestão de Bolsonaro continua sendo tema de debates e questionamentos na esfera política e jurídica do país.

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