Segundo Smith, sua responsabilidade era garantir que as vendas de armamentos atendiam aos rígidos padrões legais e éticos pré-estabelecidos, tanto pela legislação nacional quanto por acordos internacionais. No entanto, ele alega que a manipulação de informações por superiores e o desvio de processos oficiais criaram uma “fachada de legitimidade” que encobriu a realidade brutal enfrentada por civis em países como o Iémen e a Palestina. Essa pressão, segundo ele, não somente mascarou a gravidade das ações militares, mas também permitiu que os governos justificassem atos que, em última análise, violam o direito internacional.
Um dos pontos mais alarmantes de suas revelações refere-se às vendas de armas do Reino Unido para a Arábia Saudita e Israel. Smith destacou que as consequências das ofensivas israelenses em Gaza resultaram na morte de milhares de civis e na destruição de infraestrutura básica, o que contraria os princípios constitutivos do direito humanitário internacional. No entanto, mesmo frente a esse cenário, o governo britânico continua a autorizar e justificar o fornecimento de armamentos.
Insatisfeito com o que considerou uma cumplicidade moral inaceitável, Mark Smith decidiu deixar seu cargo em agosto do ano anterior, em um ato de protesto contra a continuidade dessas políticas. A intensa repercussão de suas declarações levanta questões críticas sobre a ética na política de exportação de armas do Reino Unido, especialmente em contextos de conflitos armados onde civilizações desprotegidas são frequentemente as mais afetadas. As revelações de Smith não só desafiam a imagem oficial que o governo britânico tenta projetar, mas também fazem soar um alerta sobre a responsabilidade que as nações devem ter em relação às suas ações no cenário internacional.