Ex-comandante da OTAN alerta que exigências de Trump podem ameaçar estabilidade da Aliança Atlântica e impactar gastos militares da Europa.

Com a reeleição de Donald Trump, a segurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se torna um tema de crescente preocupação. Especialistas analisam as possíveis consequências das diretrizes rigorosas de Trump para os aliados europeus, levantando a questão: poderia sua abordagem levar ao colapso da aliança atlântica?

James Stavridis, ex-comandante supremo da OTAN e almirante aposentado da Marinha dos EUA, destaca que uma das principais exigências de Trump tem sido a demanda para que os países europeus atinjam a meta de gastos militares de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa cobrança se intensificou durante seu primeiro mandato, em meio a ameaças como o terrorismo global e debates sobre a segurança no Oriente Médio. A pressão parece ter surtido efeito, com vários países da Europa Ocidental aumentando significativamente seus orçamentos de defesa, especialmente após o início do conflito na Ucrânia.

Entretanto, mesmo com a maioria dos 32 membros da OTAN agora contribuindo com mais do que a meta de 2%, a insatisfação de Trump continua. Stavridis aponta que, com a nova administração que se aproxima, é provável que os EUA insistam numa reavaliação desses gastos, aumentando a meta para algo em torno de 2,5% ou até 3% do PIB. Esse cenário levanta preocupações sobre a divisão de responsabilidades financeiras na defesa, especialmente em relação ao apoio à Ucrânia.

A crescente dependência europeia das empresas de defesa norte-americanas, mesmo quando os orçamentos militares europeus estão em ascensão, também é um ponto crítico. A relação entre EUA e Europa pode ser impactada se a administração de Trump adotar uma postura do tipo “é seu problema, resolvam isso”, desconsiderando a necessidade de cooperação mútua.

Além disso, com um dos maiores orçamentos de defesa do mundo, a coerência da OTAN enfrenta novos desafios, especialmente considerando o aumento das tensões globais envolvendo potências como a China. Os militares europeus, equipados e globalmente implantáveis, oferecem uma vantagem estratégica em tempos de crise, mas a coesão da aliança poderá ser testada à medida que os aliados se adaptarem a uma nova realidade diante do ceticismo crescente em Washington.

Se, por um lado, a OTAN não está à beira do colapso, por outro, ela se vê diante de um período de incertezas e reavaliações que poderão moldar o futuro das relações transatlânticas. A necessidade de diálogo e a busca por consenso se tornam, assim, mais provenientes do que nunca, mantendo a paz e a segurança na ordem internacional.

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