A história de Fialek é complexa e remonta a 2014, quando ela atuava como assessora no gabinete do ex-senador Romero Jucá (MDB). Naquela época, seu nome emergiu em um escândalo que envolvia a construtora Odebrecht, sendo acusada de ter enviado um rascunho de um projeto legislativo que ainda estava em discussão para favorecer a empreiteira. O material, enviado no segundo semestre de 2014, mexia com questões fiscais que eram de interesse da construtora, uma das protagonistas do emblemático caso de corrupção que ficou conhecido como Lava Jato.
No entanto, a situação não parou por aí. Jucá tornou-se réu em decorrência de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, ligação que também fez com que Mariângela fosse chamada a depor na condição de testemunha. Contudo, as evidências não foram suficientes para incriminar o ex-senador, que acabou absolvido em 2024.
Mariângela Fialek se juntou à Câmara dos Deputados em 2021 e, durante o mandato de Lira, ocupou a função de chefe da Assessoria Especial do Gabinete da Presidência. Atualmente, é vinculada à liderança do Partido Progressistas (PP) na Casa. Sua formação inclui graduação em ciências jurídicas pela PUC-RS e um mestrado em direito do Estado pela USP.
No contexto atual da investigação, a Polícia Federal deflagrou a operação Transparência para investigar crimes de peculato, falsidade ideológica e corrupção, com foco em Mariângela, embora Arthur Lira não tenha sido alvo das mesmas medidas. De acordo com as autoridades, ela seria a figura central no manuseio das emendas, determinando quais deputados e partidos receberiam os recursos, com um controle que se mostrava informal e, em muitos casos, pessoal.
Os relatos de sua atuação incluem anotações manuscritas e ordens verbais para a transferência de grandes quantias entre municípios, especialmente aqueles em Alagoas, reduto eleitoral de Lira. Para a defesa de Mariângela, a operação não a implica diretamente em práticas de irregularidade, enfatizando a busca por informações sobre sua atuação na destinação das emendas.
O desenrolar dessa investigação promete trazer mais nuances à já complicada rede de relações entre política e corrupção no Brasil, colocando uma vez mais as práticas do Orçamento Secreto sob a luz do escrutínio público e judicial.
