A crescente pressão popular tem sido um fator determinante nesse cenário. Manifestações em cidades europeias, com forte participação da sociedade civil, têm exigido que os governos adotem posturas mais firmes a favor da Palestina. Líderes como o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o presidente francês, Emmanuel Macron, têm adotado discursos mais deliberados sobre a necessidade de uma solução justa para o conflito, embora essa postura ainda pareça estar distante de se traduzir em ações concretas.
Atualmente, cerca de 80% dos 193 países membros da ONU reconhecem a Palestina de alguma forma, mas este reconhecimento, segundo o professor Luiz Felipe Osorio da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ainda não é suficiente. Ele reforça que, mesmo com posturas mais assertivas por parte de líderes europeus, ainda há um longo caminho a percorrer até que ações efetivas sejam tomadas. Osorio também aponta que a atual pressão exercida pelas manifestações nas ruas pode forçar uma mudança de comportamento nos governos que, em muitos casos, já se encontram em situações delicadas política e econômica.
A interdependência econômica entre Israel e a União Europeia é outro ponto crucial. Com mais de 60% do comércio israelense realizado com países europeus, a possibilidade de um boicote ou redução nos acordos de livre comércio poderia representar uma verdadeira mudança nas relações diplomáticas e comerciais, potencialmente afetando a postura de Israel em relação à Palestina.
Porém, os especialistas concordam que a retórica por si só não será suficiente para resolver a questão palestina. É imprescindível que os países europeus tomem ações consistentes contra a ocupação israelense e busquem garantir a preservação dos direitos humanos dos palestinos. A história mostra que medidas unilaterais têm sido adotadas por algumas nações em apoio à Palestina, como Brasil e Espanha, refletindo uma tendência crescente por parte da comunidade internacional em busca de um Estado palestino soberano.
Entendendo que a situação atual é insustentável, especialistas afirmam que, para se avançar em direção a um futuro pacífico, é essencial uma transformação na política europeia, que não apenas reconheça mas, de fato, reconheça a Palestina como um estado independente através de ações tangíveis e compromissos de longo prazo.